O programa Pé na Estrada foi perguntar para o caminhoneiro quanto é preciso para sobreviver na estrada, envolvendo os custos para se alimentar, tomar banho e dormir. O assunto foi levantado, pois foi identificado que existem diversas maneiras de reembolso dessa despesa tanto para os motoristas como para o trabalhador do segmento de logística.
Quanto você precisa gastar para trabalhar?
No Brasil, os trabalhadores têm direito a vários benefícios estabelecidos por leis trabalhistas, principalmente pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Entre os direitos está o Vale-Transporte para o deslocamento do trabalhador entre sua residência e o local de trabalho. Nesse caso, o trabalhador pode arcar com até 6% de seu salário para esse benefício, com o restante sendo coberto pelo empregador.
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O Vale-Refeição ou Alimentação, embora não seja obrigatório por lei, muitas empresas oferecem como benefício adicional.
Autônomos ou agregados a regra é diferente
No caso da contratação por meio de caminhão agregado ou terceirização a situação é diferente. Nesses casos, o combinado deve estar no contrato ou embutido na negociação do frete.
Rafael Miguel Junqueira, da JRB Advogados Associados, explica que a diária paga varia conforme o tipo de carga que o motorista carrega, percurso e acordo feito entre o sindicato patronal e o da categoria.
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Fabiana Trovó de Paula, da Morad Advocacia Empresarial, reforça que os trabalhadores precisam sempre estar atentos às negociações, pois é só por meio do acordo coletivo que o motorista garante o direito do combinado.
“É muito importante ficar atento, pois não é certo ninguém ter de pagar o dinheiro do bolso para trabalhar”, acrescenta Fabiana.
Quanto é a média da diária do caminhoneiro?
Para José Roberto Duarte da Silveira, do Sindicato dos Motoristas de Jales (SP) e Região, destaca que conforme a última convenção coletiva os motoristas e as empresas chegaram a um acordo de R$ 100 para a diária.
“Almoço, R$ 32,50, jantar R$ 32,50 e pernoite, R$ 35. Nós sabemos que para dormir o valor é apertado, mas sabemos que em breve, os pontos de paradas vão contribuir também com o descanso do caminhoneiro. Aos poucos vamos ajustando conforme a realidade da economia”, finaliza.
O que os caminhoneiros fazem para a diária render mais
O caminhoneiro, Carlinhos, conhecido como, Veio do Rio, de Itaqui (RS), conta que recebe da empresa que ele presta serviço R$ 80, mas reforça que quando a viagem é para fora do Brasil, Mercosul, os valores são outros. Ele explica que para a conta fechar é necessário reduzir a despesa de um lado, como, por exemplo, café da manhã, e guardar para o outro.
Wilmer Valera, de Venâncio Aires (RS), tem o valor da diária perto de R$ 100. Ele explica que a salvação fica por conta da Caixa Cozinha. Para ele, fazer o próprio almoço, contribui no restante do orçamento.
José Fagundes, de Passo Fundo (RS), também usa e abusa da alimentação mais caseira. “Sempre que há um mercadinho, abasteço com o que posso. Vejo se há promoções e sigo viagem. O que consigo economizar, aproveito no fim do mês”, finaliza.
Por Rodrigo Samy
Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha com repórter e editor do Portal Pé na Estrada.