Em meio a muitas conversas sobre novas paralisações, a pergunta que não quer calar é: vai ter greve? Não é uma pergunta simples de responder, afinal, como ficou claro nas manifestações de maio de 2018, não existe uma liderança estabelecida entre motoristas autônomos. Cada região do Brasil tem seus líderes e suas bandeiras, então por mais que um deles diga que sim ou não, outros podem discordar. Porém, existe uma pergunta mais importante, quais são os motivos que levariam a uma nova greve?
Pautas dos caminhoneiros
Dificuldades na vida do caminhoneiro são muitas, mas um movimento, para ter alguma chance de sucesso, deve ter uma pauta clara. No momento, o que se vê é que após as conquistas no ano passado, o combustível agora voltou a subir e a lei do piso mínimo está sendo descumprida, achatando o frete cada dia mais. Isso se traduz em falta de dinheiro no bolso dos caminhoneiros.
Entretanto, na prática, não está claro qual será pauta oficial da mobilização. Além de pedir baixa do diesel e cumprimento do piso mínimo, fala-se na fiscalização da jornada de trabalho, fim de pesagem por eixo, vale-pedágio, lei de carregamento e descarregamento, lei da carta-frete e muitos outros temas.
Os tópicos são debatidos em grupos de Whatsapp e Facebook, mas sem uma liderança definida, é muito difícil formar uma pauta e eleger representantes para discuti-la com o governo.
Quem apoia?
Bastante gente. As manifestações a favor de uma paralisação veem de todo o País, principalmente alegando que o governo não cumpriu com os compromissos assumidos na última greve. Mas muita gente não apoia também. O quadro é muito diferente de 2018, onde o apoio visto nas redes sociais era generalizado. Desta vez, muitos motoristas são contra. Alguns acreditam que a categoria não é unida e só está nessa situação por aceitar frete baixo, outros não estão dispostos a ficar mais tanto tempo parados. Diversos motoristas empregados entendem que o movimento só beneficia autônomos, por isso não têm razão para juntar-se a ele. Sindicatos e Federações que intermediaram as negociações com o governo no ano passado também se posicionam contra.
Gilson Baitaca, representante do Mato Grosso, afirmou que em seu estado vê pouca chance de greve. Alberto Litti, líder de motoristas no Rio Grande do Sul, confirma que vê muita movimentação nas redes e que as reclamações são procedentes, mas acredita que como ninguém assina a convocação, o movimento fica sem rumo e a categoria fica dividida. Nelson Júnior, de Barra Mansa, não apoia a greve no momento, apesar de entender as dificuldades, diz que não há uma pauta concreta e que as lideranças estão tentando resolver as questões com o governo por meio de conversas.
Muita notícia falsa também surge em um contexto como esse, por exemplo de que a deputada Gleisi Hoffmann estaria apoiando o movimento. O post era falso (como você pode comprovar clicando aqui), mas provavelmente foi inventado no intuito de atrelar o movimento ao PT, sabendo que a maior parte dos caminhoneiros não iria querer se associar a qualquer evento ligado ao partido.
Ou seja, além de decidir por quais pautas quer lutar, o caminhoneiro também precisa pensar quem poderia estar se beneficiando de uma possível paralisação.
O governo está atento
Se o movimento vai acontecer e crescer, isso não dá pra ter certeza, porém o barulho foi feito e fez acender a luz amarela no governo. Com medo das proporções que uma nova greve poderia tomar, a Petrobras decidiu só alterar os valores do frete a cada 15 dias e também anunciou que criará o Cartão Caminhão, para garantir estabilidade no preço do diesel.
Os caminhoneiros entenderam que isso era uma intenção de dialogar com a categoria, mas afirmaram ser muito pouco, pois o grande problema mesmo é a disparidade entre o preço do diesel e do frete.
O que esperar então para dia 30?
Algum barulho. Pelo menos carreatas e movimentações pontuais devem acontecer. É pouco provável que seja forte como 2018, mas também não deve passar em branco. Independentemente do tamanho da mobilização do sábado, está claro que a categoria sinaliza que não está contente, e está claro que o governo teme uma greve generalizada.
Por Paula Toco
Jornalista especializada em transporte comercial há mais de 15 anos.
Repórter do programa Pé na Estrada na TV (hoje no SBT) e coapresentadora do programa no Rádio (hoje na Massa FM). Mais de 300 mil seguidores nas redes sociais (Instagram + Tik Tok) onde fala de segurança e legislação de trânsito. Autora do livro “E se eles sumirem?” e palestrante de segurança no trânsito.
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