70% das vagas de caminhoneiros são preenchidas por terceiros

A escassez de motoristas especializados em carga não é uma situação exclusiva do Brasil. A redução do volume de mercadorias, assim como a diminuição do valor do frete tornaram a profissão menos atrativa para novos motoristas.

O programa e o portal Pé na Estrada veem falando desse gargalo durante um bom tempo.  Antes de seguir, veja Pedro Trucão fala dessa questão atual. Vale lembrar que o transporte rodoviário de cargas é responsável por movimentar cerca de 65% de tudo o que é produzido no país.

 

O que diz a pesquisa? 

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) e encomendada pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp), 70% das contratações de motoristas foram ocupadas por agregados ou autônomos. Ou seja, a maioria das companhias está optando por contratar profissionais terceirizados.

Para Adriano Depentor, presidente do Conselho Superior e de Administração do Setcesp, esses números refletem uma tendência no segmento.

“O setor de transportes passa por um grande desafio para encontrar mão de obra qualificada e experiente. Por isso, acredito que o estudo do IPTC reflete uma tendência para as empresas ao longo dos anos com relação à contratação de terceiros. Seja para amenizar os custos, ao não investir em frota própria, ou tempo de contratação, essa alternativa tem se tornado cada vez mais utilizada”.

Outro ponto que afetou de maneira considerável o crescimento da contratação de motoristas terceirizados pelo setor foi a recente alteração na Lei do Motorista. Em julho de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucionais diversos pontos da lei que regem o tempo de espera, o intervalo entre jornada e o descanso semanal remunerado.

Adauto Bentivegna Filho, assessor jurídico do Setcesp, destaca o impacto causado pela lei no crescimento da contratação de terceiros pelo setor.

“Com a proibição da flexibilização do descanso de 11 horas entre jornadas, o acúmulo de descanso semanal remunerado e a necessidade de que se deve considerar o tempo de espera como jornada de trabalho normal, o caminhão se tornou menos produtivo. Assim, as empresas enxergaram como alternativa viável a terceirização, que não se submete às regras trabalhistas, embora deva cumprir os descansos do Código de Trânsito”.

 

Será que ser terceirizado, vale a pena para o motorista?

Apesar de o cenário da terceirização ser uma das saídas, é muito importante o caminhoneiro avaliar se o contrato de prestação vale à pena. Em alguns países, por exemplo, o motorista topa até participar sem a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), mas faz exigências do trecho a ser percorrido, do tipo de carga a ser levada e até do empréstimo do cavalo para o trabalho.

Outro ponto que deve ser considerado quando se trabalha por conta é o preço do Diesel, pois ele representa uma parcela significativa nos custos dos caminhoneiros (de 40% a 65%). Quando há aumentos, o valor impacta diretamente na renda dos motoristas, tornando a profissão menos viável financeiramente.

A condição de trabalho também afugenta, apesar dos pontos de paradas, os caminhoneiros enfrentam longas jornadas longe de casa, riscos de acidentes e muita violência (roubos e assaltos frequentes). A falta de estrutura nas estradas também contribui para a insatisfação e desgaste da categoria.

Em resumo, a combinação de fatores econômicos, condições de trabalho desfavoráveis e falta de reconhecimento tem levado à escassez de caminhoneiros. É um desafio que requer atenção e soluções para garantir o funcionamento adequado do setor de transporte de carga.

No portal Pé na Estrada você tem uma calculadora de frete para avaliar se o serviço oferecido é a melhor opção.

https://penaestrada.com.br/calculo-frete/

 

Por Rodrigo Samy com informações do Setcesp 

 

 

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