Desde sua campanha eleitoral, o atual presidente já falava sobre as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro que gostaria de fazer. Nesta matéria, reunimos 9 ideias do presidente Jair Bolsonaro para o trânsito – algumas delas já estão em vigor, outras ainda em discussão, como projeto de lei.
Assista: Infrações de trânsito pouco conhecidas
Fim dos simuladores
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu pelo fim da obrigatoriedade do uso de simuladores na formação de motoristas. A mudança, defendida por Jair Bolsonaro em fevereiro, começa a valer em 90 dias após a decisão, publicada em 13 de junho. A partir desse prazo, o simulador passa a ser opcional.
Na avaliação do Ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, a retirada dos simuladores vai reduzir a burocracia e baixar em até 15% o custo para tirar a CNH.
Com fim da obrigatoriedade, a quantidade de horas-aula a ser cumprida pelo novo motorista antes de retirar a carteira, cai de 25 para 20 horas.
De 20 para 40 pontos na CNH
Hoje, motoristas com CNH A e B tem até o limite de 19 pontos em 12 meses para não terem sua carteira suspensa. Para o motorista categoria C, D e E, o limite é o mesmo, mas o profissional pode fazer o curso de reciclagem aos 14 pontos.
Uma das ideias do presidente para o trânsito, incluída no projeto de lei que visa alterar o CTB, faz com que motoristas só tenham a carteira suspensa ao atingirem 40 pontos. Outra diferença é que o condutor de CNH C, D e E poderá já fazer reciclagem a partir dos 30 pontos.
Validade da CNH
Hoje, a carteira de habilitação vale 5 anos até os 65 anos de idade do condutor. A partir de então, a renovação passa a ser obrigatória de 3 em 3 anos ou menos, de acordo com o parecer do médico credenciado ao Detran.
Hoje, somente clínicas credenciadas ao Detran podem realizar o exame obrigatório para a renovação. Caso o projeto de lei seja aprovado, a CNH passa a valer 10 anos e, após os 65 anos, deve ser renovada a cada 5 anos. Além disso, qualquer médico poderia realizar os exames para a renovação, não precisando ser feito em clínicas credenciadas pelo Detran, como é hoje.
Exame toxicológico
Todo motorista profissional, categorias C, D e E, precisa fazer o exame para conseguir renovar a CNH. Uma das ideias do presidente é que o exame deixe de ser obrigatório para que o custo de renovação do documento seja diminuído.
Lei do farol aceso
Hoje, qualquer veículo é obrigado a transitar por rodovias com o farol aceso, mesmo durante o dia. A proposta quer acabar com essa obrigatoriedade.
Com exceção de ônibus e motos, os outros veículos só precisariam acender o farol baixo de dia em caso de chuva, neblina, túnel ou em rodovias de pista simples. Além disso, o descumprimento passa de infração média para infração leve.
Habilitação fora das autoescolas
Uma das ideias do presidente, a proposta é acabar com a obrigatoriedade das autoescolas na hora de tirar habilitação. O projeto dá ao candidato o direito de escolher entre realizar as aprendizagens teóricas e práticas de forma autônoma ou então no Centro de Formação de Condutores (CFC).
Segundo o texto, as aulas de direção veicular poderiam ser ministradas por qualquer condutor habilitado no mínimo há 3 anos e na categoria para qual ministrará a instrução.
Transporte de crianças
A proposta acaba com as multas para motoristas que desrespeitarem regras de transporte de crianças em veículos. O CTB diz que crianças com até 7 anos e meio devem ser transportadas nos bancos traseiros com cadeirinha adaptada ao tamanho e peso. Entre 7 e 10, as crianças devem viajar no banco de trás usando cinto de segurança.
Hoje, não transportar crianças da maneira correta é uma infração gravíssima, com sete pontos na carteira e multa de R$ 293,47.
Bicicletas motorizadas
O projeto de lei quer que o Contran especifique o que são bicicletas motorizadas. Além disso, sugere também especificações sobre veículos equivalentes não são sujeitos ao registro, ao licenciamento e ao emplacamento para circulação nas vias.
A norma atual fala de forma genérica sobre “veículo elétrico” ao citar normas para veículo automotor, mas não cita as “bicicletas motorizadas” de forma explícita.
Documento barrado por ausência de recall
A proposta quer impedir a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo caso o veículo tenha sido convocado para recall e não tenha atendido.
Hoje, o CTB impede a expedição do novo certificado enquanto houver débitos ficais e de multas de trânsito e ambientais vinculadas ao veículo. O texto não faz menção a casos de recalls não atendidos.
O que dizem os especialistas
As muitas ideias do presidente para mudanças no Código de Trânsito dividem opiniões. O presidente da Comissão Especial de Direito do Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Armando Silva de Souza, admite que o projeto traz alguns aspectos positivos, mas vê diversos pontos de retrocesso.
Souza falou à Veja e se posicionou contra a determinação de que não será necessário o exame toxicológico para motoristas profissionais.
“O objetivo do código [de trânsito] é a segurança, resguardar a vida das pessoas. Quando um projeto de lei revoga, por exemplo, que os motoristas profissionais se submetam a testes toxicológicos, ele coloca em risco a vida de terceiros nas rodovias públicas. A Constituição protege o direito à vida e é esse direito que esse projeto está desprezando”, afirma o presidente da comissão.
O advogado diz que outras medidas deveriam ser debatidas junto à sociedade e especialistas — por exemplo, o aumento da pontuação da CNH.
O professor Mario Felippi Filho, que falou ao Correio do Povo, aponta duas visões sobre a proposta, que considera complexa. A primeira é de que ela atenderia a quem vê o Estado como uma “fábrica de multas”, mais interessado em arrecadar verba do que realmente conscientizar a população.
Nesse ponto, o diretor de Trânsito Gildo Martins de Andrade Filho acredita que a medida pode ter o efeito inverso. Para o motorista, o pior não seria pagar a multa, ainda que a contragosto. O que o cidadão não quer, ele diz, é perder o direito de dirigir ao atingir os 20 pontos.
“Com a nova pontuação os condutores pagarão a multa sem se preocupar com a possibilidade de terem o direito de dirigir suspenso. Em outras palavras, aumentará ainda mais a arrecadação de multas”, acredita o diretor.
Quanto ao segundo viés da proposta, apresentado pelo professor, é que ela poderia beneficiar motoristas infratores e imprudentes.
Para Mario Filho, um ponto positivo das mudanças é o aumento do prazo para a renovação da CNH. Ele acredita que além de diminuir a burocracia, o Estado também economizaria recursos financeiros e humanos para atender aos processos de primeiras habilitações e de renovações.
Por outro lado, o diretor de Trânsito Gildo de Andrade Filho avalia que a proposta de ampliar a validade da CNH traz riscos à segurança da população.
O objetivo de fazer a renovação a cada cinco anos, diz o diretor, é verificar se há alguma doença ou outra condição que comprometa a capacidade de dirigir. Com o espaçamento de dez anos, a situação se tornaria mais grave.
Por Pietra Alcântara
[…] o fim da obrigatoriedade das autoescolas durante o processo de habilitação. Essa é uma das ideias do presidente Jair Bolsonaro para o trânsito, apresentadas em forma de projeto de lei, que tem por objetivo alterar o […]
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[…] ou são atualizadas. Em 2019, o novo governo foi um fator a mais para que certas mudanças no Código de Trânsito acontecessem. A seguir, listamos 4 mudanças no trânsito, diretas ou indiretas, que começaram este […]
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[…] a entrega do Projeto de lei 3.267, que visa alterar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), feita pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, o texto tem repercutido e divido opiniões. Uma das mudanças é sobre o aumento do limite de 20 […]
[…] meu processo de primeira habilitação em 2018 e, naquela época, o simulador era obrigatório. Hoje, isso mudou. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) decidiu pelo fim da obrigatoriedade do uso de […]