O Banco Mercedes-Benz do Brasil (BMB) anunciou ontem (30 de abril) que atingiu um recorde no volume de negociações em 2022, o melhor ano dos 27 de sua trajetória. Um dos motivos que impulsionou esse recorde foi o aumento do financiamento de caminhões.
Segundo a corretora, foram 208% a mais em valores em relação a 2021. Marca que foi alcançada por dois motivos, melhor participação dos trucks e ônibus nas negociações e o aumento nos preços dos produtos no último ano.
Negociações e carteira
Em 2022, o Banco Mercedes-Benz teve um crescimento de 54% em negócios contratados comparado ao ano anterior. Em números, foram 7,481 bilhões em novos negócios, sendo 4,882 bilhões em financiamentos de caminhões, ou seja, 54% do total.
O segmento de caminhões ainda é o líder na carteira da corretora, com 59% dos negócios, seguido dos chassis e carrocerias de ônibus, que representam 25%, Vans e automóveis, 9%, implementos, 2% e outros, 5%. Com relação ao segmento por clientes, 44% das negociações ocorrem com grandes clientes, 21% com as concessionárias, 1% médios e 34% pequenos clientes.
Segundo Marcello Larussa, Diretor Comercial da Mercedes existe uma maior proporção de clientes pessoa jurídica. Embora observe crescimento de acesso de pessoa física (caminhoneiro autônomo) aos financiamentos, esse público ainda representa menos de 5% da carteira do BMB.
Em valores, a carteira também ampliou de R$ 14,415 bilhões em 2021 para R$19,454 bilhões em 2022, um crescimento de 35%. Ressaltando que esse valor é a somatória da carteira dos anos anteriores.
Aumento dos financiamentos de caminhões e outros veículos
O volume de financiamentos também aumentou. A linha de crédito BNDES Finame passou de R$1,77 bilhão, em 2021, para R$3,459 bilhões em 2022. Já o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) cresceu de R$3,674 bilhões do ano anterior para R$ 4,101 bilhões este ano.
A corretora trabalha com financiamento de veículos da marca e de outras montadoras e, claro, é líder na comercialização dos veículos Mercedes, afirmou. A cada 100 ônibus vendidos da marca, 61 são financiados pelo BMB, número que se manteve entre 2021 e 2022. Já as vendas de ônibus feitas pela Mercedes caíram de 37% para 27% do total.
Com os caminhões ocorreu o contrário, houve aumento nas vendas dos veículos pelo Banco Mercedes de 23% para 29% em 2022. Isso significa que no último ano, a cada 100 caminhões Mercedes vendidos no mercado, 29 negociações foram feitas pelo BMB. Sobre os financiamentos, passaram de 37% para 49% entre 2021 e 2022.
Perspectivas para 2023
Segundo os últimos dados da Anfavea e Fenabrave, houve queda na produção e discreto crescimento das vendas de caminhões em fevereiro deste ano. O BMB ainda não tem disponível o balanço do primeiro trimestre deste ano, que sairá em meados de abril.
A empresa comemorou a melhor marca da história, mesmo após pandemia por Covid-19 e guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou a oferta de semicondutores no mercado global. Segundo a corretora, ela lidera o mercado de veículos financiados no Brasil. Para manter os números e ampliá-los, se possível, a empresa monitora a satisfação dos clientes por meio de pesquisas.
Nos dois índices que utiliza, obteve boas notas. O CSI (Custumer Satisfaction Index), que afere como os clientes enxergam o serviço prestado, a nota foi 82 de 100. Já o NPS (Net Promoter Score), que avalia a satisfação das concessionárias que atende, a nota foi 79,4%.
Entrada no mercado de aluguel
Muitas montadoras têm identificado o mercado rental (aluguel) como uma possibilidade de negócio. Segundo Cristina Rensi, Head da Mercedez-Benz Corretora de Seguros, essa é uma possibilidade que está sendo avaliada, ainda sem detalhes ou datas. Isso porque se observa uma tendência do mercado nessa direção com clientes interessados em pagar pelo uso e não pela aquisição do caminhão ou carro de passeio.
O BMB oferece o Leasing, que também é uma forma de pagamento por uso. Uma espécie de arrendamento. Contudo, esse modelo representa cerca de 1% da carteira. Por isso, de acordo Rensi, as oportunidades de negócios nesse modelo precisam ser avaliadas para que sejam boas para o cliente.
Ela relata que o leasing já foi bem aceito no mercado brasileiro tempos atrás. E apesar de dados mostram que ele poderia ser melhor aceito hoje, não é o eu ocorre, como no mercado americano e europeu, onde o leasing é o carro chefe
Ela atribui a uma questão cultural, em que o brasileiro prefere financiamento como o CDC ou Finame ao invés de alugar. Além disso, aponta que o leasing desperta certa insegurança jurídica no país por conta da mudança na legislação dos tributos do ISS (Imposto Sobre Serviços).
“Hoje, há um cenário que a gente precifica os produtos e amanhã se a legislação muda, e pode mudar e por causa do ISS, que é o imposto sobre produtos que tá no leasing […] as empresas não sabem como o produto vai se comportar lá na frente, se vai ser vantajoso para o cliente também”, finaliza.
Por Jacqueline Maria da Silva