O Pé na Estrada investigou os principais motivos das rodas dos caminhões pegarem fogo. Entre eles estão: desgaste das lonas, tambores e até uma graxa incorreta nos rolamentos.
O Programa também foi apurar se as Catracas Automáticas de Freio têm alguma coisa a ver com isso.
Uma vez que os motoristas relatam maior confiança na Catraca de Regulagem manual ao invés da Automática, justamente por se certificarem que está bem regulada.
Porém, como a regulagem automática é obrigatória nos veículos fabricados a partir de 2014, por conta do sistema ABS, que a princípio impede o travamento das rodas, o receio dos motoristas aumentou perante ao travamento da Catraca Automática.
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Isso porque, o questionamento das rodas travarem, e consequentemente, pegarem fogo, ocorre por conta de um erro de ajuste ou de mal funcionando da peça, já que ela faz um ajuste automático.
Recondicionamento das Catracas Automáticas
O Programa conversou com o Ademir Barbosa, que faz o recondicionamento das Catracas de Freio. Ele disse que as Catracas Automáticas de freio são totalmente seguras.
Segundo Barbosa, essas Catracas devem receber manutenção a cada 120 mil quilômetros ou um ano em aplicações normais.
No caso de aplicações severas, após 60 mil quilômetros ou 6 meses. Barbosa também afirma que podemos recondicionar (restaurar) essa peça, garantindo a mesma eficiência e segurança de uma nova, mas por um preço menor.

O especialista desmistifica o mito de que a Catraca Automática de freio precisa ser regulada e explica que só será necessário fazer esse ajuste se a peça já estiver precisando de manutenção.
Isso quer dizer, que esse modelo de Catraca dispensa manuseio, pois nesse caso, o motorista pode regular demais umas das Catracas da carreta e sobrecarregar uma das rodas para uma frenagem maior.
Outra questão apontada está no risco do transportador usar as Catracas Mecânicas no lugar das Automáticas, pois, além de ser uma infração de trânsito, onde a legislação o ABS de fábrica em modelos fabricados a partir de 2014.
“Desde 2014, os equipamentos são dotados de ABS, e para o ABS funcionar, ele tem que constatar um travamento ou possível travamento. Como na maioria dos semirreboques são 3 eixos e o sensor está somente no eixo do meio, se ele não executar a regulagem desse eixo do meio, que é o eixo mais difícil do motorista chegar, o ABS nunca vai constatar um travamento e com isso vai arrastrar as rodas e perder a eficiência de freio. Então, quando você tem Catraca Automática, todos os freios do conjunto estão com a mesma regulagem. O que facilita com o que o ABS atue e seja realmente eficiente.”
Sistema pneumático pode estar por de trás da culpa das Catracas?
Conforme Edson Cleiton Nunes, Supervisor Técnico da Eckisil Freios, além da manutenção preventiva e corretiva, é necessário seguir o manual de instruções do veículo e da peça.
Afinal, o sistema pneumático pode estar por de trás da culpa das Catracas Automáticas.
Em outras palavras, o sistema de ar do veículo pode ser a causa do mal funcionando das Catracas de Freio.
Uma vez que o sistema impulsiona a regulagem das Catracas nos Freios, que por sua vez, se tiver um vazamento de ar ou falha nas mangueiras, pode levar ao acionamento da trava de segurança e o arraste das rodas.
Para a marca, o ajustador de freio é o último componente que pode dar problema, por ficar estático no sistema, ficando apenas a pressão do ar movimentando a peça.
Além disso, Nunes lembra que o velho hábito de regular as catracas veio das antigas manuais. Porém, hoje não faz mais sentido o motorista tentar regular um sistema automático, uma vez que ele se ajusta sozinho.
Recorte sobre falta de manutenção nos freios nas estradas
Segundo dados da Arteris, a falta de manutenção preventiva dos sistemas de freio, ainda aparece com frequência nas abordagens realizadas em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e com a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), nas regiões onde a empresa atua.
De acordo com a PRF, os agentes fiscalizaram mais de 1,67 milhão de veículos de carga e 79 mil ônibus somente em 2024. Desses, mais de 23 mil caminhões, 13 mil semirreboques e 1,2 mil ônibus foram recolhidos por estarem em condições inadequadas de circulação.
No ano passado, problemas com o freio dos veículos ocasionaram 282 acidentes, segundo a PRF, com 266 pessoas feridas e 19 mortas.
“Gambiarras” que colocam vidas em risco
Além da ausência de manutenção preventiva, os policiais frequentemente identificam adaptações perigosas — conhecidas como “gambiarras” — feitas pelos motoristas no sistema de freios. Essas práticas incluem:
- Anulação do sistema ABS, que impede o travamento das rodas em freadas bruscas, aumentando o risco de derrapagens e tombamentos;
- Desativação de válvulas de segurança que são responsáveis por bloquear a circulação do veículo em caso de falha no freio de emergência;
- Uso de arames, pedaços de madeira e até chinelos para substituir peças danificadas nos freios;
- Remoção de fusíveis que sinalizam falhas no painel, para evitar alerta de manutenção.
Essas ações, muitas vezes, motivadas pela tentativa de reduzir custos ou manter o veículo em operação, expõem motoristas, colaboradores das concessionárias e todos os demais usuários das rodovias a riscos extremos, principalmente, em trechos de serra, onde a frenagem eficiente é vital.
“O problema do freio não é apenas técnico, é humano. Muitos acidentes com veículos pesados poderiam ser evitados com a manutenção preventiva, responsabilidade no transporte de carga e atenção às orientações de segurança, principalmente, aos limites de velocidade”, destaca Marcelo Sato Mizusaki, superintendente do Núcleo de Operações da Arteris.
Durante essas fiscalizações, agentes relatam que também encontram outros tipos de problemas, como desgaste excessivo de lonas e pastilhas, vazamentos de ar no sistema pneumático, falha no balanceamento das rodas e, em casos extremos, ausência completa de peças essenciais ao funcionamento dos freios.
Em muitos casos, os defeitos estão relacionados à falta de manutenção preventiva ou à sobrecarga nos veículos, o que acelera o desgaste dos sistemas mecânicos.
“Segurança viária vai além da direção defensiva. O estado do veículo, especialmente, quando falamos de caminhões, é determinante para salvar vidas. Por isso, trabalhamos em várias frentes: fiscalização, orientação e infraestrutura adequada”, reforça o porta-voz.
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Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.
É culpa do governo preço do combustível imposto come tudo vc ganha quem tem caminhão só anda no vermelho