Copa Truck 2023: o que esses caminhões têm em comum com os de estrada?

Neste fim de semana, ocorre a 2ª etapa da Copa Truck no Autódromo de Interlagos, em Sâo Paulo. Os caminhões usados na competição são munidos de muita tecnologia, o Pé Na Estrada mostrou isso em uma matéria (clique aqui para assistir). Mas o que será esses caminhões têm em comum com os de estrada. Leia essa matéria para descobrir.

Caminhões feitos sob medida para competição

De acordo com Rachel Kuamzein de Melo Ló, engenheira mecânica e chefe de equipe da ASG Motor Esportes, o cavalo mecânico é projetado com configurações diferentes dos caminhões rodoviários. Eles precisam seguir um padrão estipulado pelas normas da CBA (Configuração Brasileira de Automobilística).

“Tem que seguir algumas regrinhas de peso, entre-eixo e potência. Então, o caminhão de corrida é feito para regulamento de uma categoria específica, diferente de um caminhão de fábrica que sai de uma linha de produção, em que milhares de caminhões iguais”.

Outro aspecto que ela aponta é que são explorados os limites máximos do caminhão da Copa, o que não ocorre na estrada. Na rodovia é necessário andar com segurança, já na pista de corrida é aumentar aceleração. Em outras palavras, isso implica levar o veículo no máximo de potência.

Um caminhão com maior potência da Mercedes por exemplo, chega a 560 cavalos, enquanto um da Copa Truck pode chegar a 1100 ou até mais. Logo, também impacta em um desgaste das peças muito maior que um caminhão de “rua”. 

Copa truck 2023
Foto PNE

Motor de mais de 1000 cavalos

De acordo com o mecânico da ASG, Valderez Antônio Boff, foram 10 anos para adaptar um motor de caminhão que roda na estrada para um caminhão de competição. Trata-se do mesmo motor com algumas peças trocadas, como pistão ou comando, explica ele.

Com isso, até o mais potente para as rodovias, como o apresentado na Fenatran 2022, o 660 cavalos da Scania, não chega à potência dos da Copa Truck, que ultrapassam os 1000 cavalos. 

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Mais leve e mais baixo que os caminhões de estrada

Rachel explica que, para melhor performance, qualquer veículo de competição tem que estar o mais perto possível do solo. Por isso, os caminhões da Copa Truck são projetados na menor altura possível. Isso aproxima o centro de gravidade do veículo ao chão, conferindo velocidade com menor chance de capotamento.

Carro mais leve também anda mais rápido, por isso cavalo mecânico também é desenvolvido com o menor peso. A média dos da Mercedes-Benz é de 5 toneladas, o que segue os limites da norma de competição, parâmetro que deve ser respeitado por todas as equipes competidoras, explica Rachel.

Pneus do caminhão de Copa Truck

A forma dos pneus e a calibragem também são diferente dos caminhões de estrada, segundo a engenheira. Ela esclarece ainda que, quando a pista está seca, o pneus usados são mais baixos e “carecas”, chamados de slicks, características que fornecem mais aderência do pneu ao solo.

Como na segunda etapa da Copa Truck os dias de treino estavam chuvosos, Rachel explica que os pneus dianteiros usados foram os pneus de “chuva”.

Esses seriam semelhantes aos dos caminhões das estradas, mais altos e com sulcos, configuração que ajuda o veículo a não aquaplanar (deslizar e perder contato com o chão). “A água passa pelos sulcos e quanto mais alto, mais ele consegue escoar a água e dar segurança”, detalha.

Copa Truck 2023
Pneus do caminhão da Copa Truck tem pneus diferenciados em dia de chuva

Mas o que esses caminhões da Copa Truck têm em comum com os de estrada?

Além do pneu de chuva que acabamos de citar, os caminhões da Copa Truck têm diversas coisas em comum com os de estrada. Veja a seguir.

Tecnologia dos caminhões da rodovia para pistas de corrida

De acordo com a engenheira Rachel, existe uma troca de ideias entre o que é desenvolvido para automobilismo e para indústria de veículos, como freios, cubo de roda e pneus.

Lucas Squaiella, engenheiro da Mercedes-Benz, fala da importância do motor e 460 cavalos, que é adaptado para mais de 1000 nos caminhões da Copa Truck da marca. “Para nós, é um motor bastante consagrado e flexível, competitivo e leve, que aceita diversas pistas”, esclarece.

Outra tecnologia adaptada dos caminhões de estrada para os das pistas é a Mirror Cam. Segundo o engenheiro, ela é fundamental na competição. “O espelho anterior tem uma visão mais rígida. A Mirror Cam trouxe mais visão e clareza”. 

Telemetria Fleetboard 

A telemetria Fleetboard seria como uma gestão de frota. Essa tecnologia dos caminhões de estrada também foi implantada nos da Copa Truck para ajudar na performance dos veículos.

De acordo com Lucas, a telemetria trabalha posição do veículo na pista, a pressão do motor, velocidade, temperatura entre outros parâmetros. Assim como para transportador, fora das pistas, a tecnologia é importante no custo operacional, dentro das pistas também é essencial, sobretudo na emissão de gases.  

Além disso, seu papel é ajustar o caminhão ao perfil do piloto e trazer previsibilidade durante a corrida e as condições da pista. Por isso, os dados monitorados também são estudados para outras corridas e adaptação ao contexto onde a prova será executada.

“A telemetria é a principal ferramenta que me ajuda a enxergar o que o piloto precisa para eu fazer o acerto […] Um acerto para um piloto nem sempre é confortável para outro”.

Copa Truck 2023
Foto PNE

Caminhoneiro e piloto de Copa Truck 2023

A Copa Truck tem dois níveis de competição, o Super e o Pró, sendo a configuração do veículo igual para ambos. Na modalidade Super, pilotos com pouca ou nenhuma experiência na rodagem de caminhões podem correr.

O ator Caio Castro compete nessa categoria da Copa Truck pela Mercedes-Benz. Na Pró participam pessoas que já andam com caminhões há muitos anos, como Adalberto Jardim, pela J5.

Serão 30 caminhões e 30 pilotos competindo pela Copa Truck. “Se um caminhoneiro dirigisse um caminhão desse, ele ia achar maravilhoso, só que dentro de um autódromo com toda a segurança”, completa Rachel.

Copa Truck hoje

A segunda etapa da Copa Truck 2023 acontece no Autódromo de interlagos, em São Paulo. Hoje, a disputa acontece a partir das 13h. A equipe do Pé Na Estrada vai acompanhar.

Caminhão de Copa Truck remanufaturado

Durante os treinos da segunda etapa da Copa Truck 2023, encontramos uma outra semelhança entre caminhões da Copa Truck e de estrada. Trata-se de um caminhão com peças remanufaturadas.

De acordo com o idealizador do veículo, o piloto Adalberto jardim, 80% do caminhão é remanufaturado ou recondicionado. O projeto foi idealizado em 2019. Nessa época, o piloto tinha patrocínio da Ford. Com a saída da empresa do Brasil e havendo pouco tempo para montar um outro caminhão, que leva cerca de 3 meses, Adalberto resolveu juntar peças para fazer um veículo único.

Copa truck 2023
Caminhão remanufaturado para Copa Truck

Até o fim desse ano, ele pretende montar outro modelo. “Eu levanto a bandeira do remanufaturado porque, para o piloto custa menos e continua tendo uma garantia de produto novo”, conclui.

Diferença remanufatura e recondicionamento

A remanufatura é a restauração de um produto para que ele se torne novo, possuindo até garantia. No caso do caminhão de Adalberto, o motor, o câmbio e o diferencial foram remanufaturados. Recondicionamento é quando você usa o item dando uma outra função. Isso ocorreu com o chassi do caminhão de competição, que foi adaptado como cabine para corrida na pista.

 
 
 
 
 
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Por Jacqueline Maria da Silva

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