quinta-feira, dezembro 11, 2025

O elétrico vai acontecer, mas não sozinho: AEA aposta em uma mobilidade diversa

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Quando a sociedade vê o número de carros elétricos aumentando nas ruas e chegando até aos veículos pesados, pensa que os combustíveis fósseis estão com os dias contados, mas não é bem assim. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) afirma que o futuro dos veículos elétricos é certo. No entanto, eles não serão a única fonte de energia limpa, já que outras combinações devem coexistir na mobilidade.

Isso quer dizer que os elétricos têm sua fatia garantida no mercado, especialmente nos veículos de passeio e nos comerciais urbanos. Mas, quando se trata do transporte pesado, híbridos, veículos a gás (GNV, biometano, hidrogênio) e movidos a biocombustíveis seguirão disponíveis, dependendo da aplicação.

 

Biodiesel brasileiro é uma forte ferramenta para a descarbonização

Os engenheiros que compõem a indústria automotiva acreditam no biodiesel brasileiro como uma das principais ferramentas de descarbonização. Para eles, o Brasil tem grande potencial nesse biocombustível, já que hoje o país extrai o biodiesel de diversas matérias-primas — embora a soja, de origem vegetal, seja a maior fonte.

Com isso, segundo a AEA, os estudos buscam tecnologias capazes de oferecer maior autonomia com quantidades maiores de biodiesel. Hoje, a mistura obrigatória no diesel está em 15%, e a grande preocupação do setor é se as máquinas são capazes de suportar esse teor, já que se trata de um produto orgânico.

O elétrico vai acontecer, mas não sozinho: AEA aposta em uma mobilidade diversa
Porcentagens de biocombustíveis no mundo

O Pé na Estrada já conversou com diversos especialistas sobre os riscos da porcentagem de biodiesel no combustível. Nessa questão, o que parece unânime é a necessidade de cuidado com o tanque. Por se tratar de um biocombustível que varia conforme o clima e tem validade menor por conta da matéria-prima, a recomendação é abastecer em postos confiáveis e usar aditivos detergentes ou bactericidas.

Falando em biodiesel, o B100 já é uma realidade no Brasil. Montadoras como Volvo e Scania já têm caminhões movidos a biodiesel puro. A Amaggi, por exemplo, opera frotas que rodam exclusivamente com o B100 produzido pela própria empresa. Para a AEA, esses veículos também podem se tornar uma opção na escolha de modelos com baixas emissões.

“As montadoras já prepararam os veículos para a utilização do biodiesel puro, o B100, mas vemos essa aplicação principalmente em frotas cativas, onde há equipes responsáveis pelo manuseio correto do combustível, boa armazenagem e drenagem diária do fundo do tanque. Assim, é possível controlar a variabilidade do produto — algo difícil de garantir nos postos de combustíveis”, explica Rogério Gonçalves, associado Petrobras da AEA.

 

O diesel deve dar espaço para combustíveis mais sustentáveis

Segundo Rogério, com o aumento da porcentagem de biodiesel, a cultura brasileira de cuidado com o combustível deve evoluir, resultando em uma mistura de melhor qualidade no futuro. Ele afirma que o governo tem feito campanhas para melhorar a logística e o tratamento do biodiesel.

Para o engenheiro, o diesel verde (HVO) é um forte candidato a ganhar espaço devido à sua estabilidade. Ele explica que já existe no mercado o HVO coprocessado, produzido de forma simples e barata ao se misturar óleo vegetal ao processamento do diesel, resultando em um combustível que já incorpora o componente renovável em sua molécula.

 

O que faz a AEA?

A AEA é uma associação de engenheiros que dialoga com o governo, a indústria e o mercado de reposição. O intuito é discutir alternativas inovadoras para a engenharia automotiva, elaborar normas técnicas, regulamentos, pareceres e estudos especiais. Por ser um fórum neutro de discussão, suas comissões trabalham por solicitação e em parceria com o governo — nas esferas federal, estadual e municipal. Além da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para a oficialização de normas.

Um dos projetos em discussão pela AEA para a descarbonização é o Programa Mover, que avalia o ciclo de vida do veículo do poço à roda.

O elétrico vai acontecer, mas não sozinho: AEA aposta em uma mobilidade diversa
Melhorias do Programa Rota 2030 para o Mover

 

Veja também: De grãos a estradas: como o B100 começa a ganhar espaço

Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.

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