O Amor em Sintonia – O Rádio contado por quem faz dele a sua vida

Todas as vezes em que citamos a importância do rádio, buscamos ouvir a voz de quem nos escuta diariamente ao longo das rodovias e estradas deste país. No ano passado, falamos sobre a importância do veículo no dia a dia dos caminhoneiros e como os condutores se atualizam em suas viagens.

Afinal de contas, esse “jovem senhor” de mais de 100 anos de história ainda é essencial na vida de milhares de pessoas.

Mas desta vez, fizemos algo diferente. Fomos até homens e mulheres da Rádio Massa FM que fazem desse meio de comunicação a sua vida. Nesta segunda-feira (13), Dia do Rádio, trazemos histórias de quem leva até você a forma mais sublime de interação por meio das ondas sonoras.

Pedro Trucão – “O Rádio é paixão. Amor pra caramba e paixão. É a coisa mais gostosa que existe.”

Pedro Trucão - “O Rádio é paixão. Amor pra caramba e paixão. É a coisa mais gostosa que existe.”

Com mais de 40 anos de rádio, Pedro Trucão segue direto e reto com o seu cargueiro cheio até a tampa do malhal. Desde 1982, ele já passou por diversas emissoras, em vários horários diferentes, sempre levando ao estradeiro as informações mais importantes do trecho com muita música e prestação de serviço. Ele nos destacou qual é a satisfação de trabalhar no rádio há tanto tempo:

“Trabalhar diariamente no rádio é muito bom, é muito gostoso. A gente não trabalha, a gente ‘passeia’, como se fossem férias, eu sinto isso. Não importa o horário, trabalhar no rádio é isso. Eu posso estar num baixa astral daqueles, mas quando eu abro o microfone, tudo muda e as coisas ficam boas.”

Questionamos o Trucão se ele se considera a principal voz do caminhoneiro nas mídias do país. Ele afirmou o seguinte:

“Não me considero a maior voz dos caminhoneiros porque tem muita gente boa no meio, mas acho muito importante. Porque o estradeiro precisa ter alguém que o represente quando se trata de comunicação. Eu fico muito honrado e satisfeito com isso, em saber que o trabalho que faço tem um retorno muito bom para eles e para mim.”

Paula Toco – “Realização. Eu me sinto realizada fazendo rádio.”

Paula Toco - “Realização. Eu me sinto realizada fazendo rádio.”

Filha de peixe, peixinha é. E no caso de Paula Toco não é diferente. Presente em estúdios desde criança ao lado de seu pai, ela dá continuidade a tradição familiar de ser a voz dos estradeiros e cita o quão importante é a lida diária no rádio e a conexão constante com o público:

“Trabalhar no rádio é muito gostoso, tem gente que gosta de TV, que também é legal, mas o rádio é muito mais. O rádio te dá uma interação que até hoje nenhuma outra forma de comunicação conseguiu bater, nem as mídias sociais batem a interação que você tem com o rádio. Você faz uma pergunta já vem um monte de resposta, a pessoa pede a música você consegue tocar na hora, então você está sempre ligado com tudo que tá acontecendo, tem gente mandando recado o tempo inteiro, tem notícia o tempo inteiro, por isso acho o rádio uma das coisas mais gostosas que existem.”

Ela também destacou a questão do “fazer rádio nas madrugadas”, algo que para muitos é um grande desafio:

“Pra nossa sorte, nosso público também trabalha na madrugada. Então pra gente esse horário é bom, já tem público, às quatro horas da manhã tem muitas pessoas levantando pra sair pro trabalho, alguns que já estão no trecho, então pra nós o horário é bom. O maior desafio do horário é levantar mesmo (risos).”

Naldinho – “Apaixonante. O rádio ele é companheiro, ele é amigo. Quando você tem um rádio ligado, você não se sente sozinho.”

Naldinho - “Apaixonante. O rádio ele é companheiro, ele é amigo. Quando você tem um rádio ligado, você não se sente sozinho.”

Assim como na vida da Paula, o rádio sempre trouxe uma forte ligação familiar para o Reginaldo. Paranaense de Maringá, Naldinho, pros chegados, segue o legado de seu pai, que foi radialista de sucesso no estado.

“Comecei em 1992, estamos indo pra 31 anos de rádio em julho. Trabalhar diariamente no rádio é muito bom, praticamente nasci dentro do rádio. Venho de uma família de radialistas, já fui operador de áudio e iniciei no meio através do meu pai, José Alves, que me deu a oportunidade de iniciar em um programa. Sou completamente apaixonado por rádio.”

Naldinho comanda o “Companhia da Massa”, que vai ao ar da meia noite às 4h. Ele afirma que fazer rádio de madrugada tem como objetivo levar alegria às pessoas que trabalham ou estão saindo para o trabalho nessa faixa de horário:

“O público da madrugada é muito fiel. Não que nos outros horários não sejam, mas é um público que tá sempre acompanhando. Na verdade, muita gente que nos escuta nestes horários tem apenas o rádio como companheiro né? O rádio é a companhia de quem tá trabalhando ali  na portaria, no trecho, na estrada. É muito gratificante, uma experiência maravilhosa, tem sido um aprendizado muito grande.”

Lucy – “Sonho. Sempre tem o ‘mistério do rádio’ e ele sempre me contagia.”

Lucy - “Sonho. Sempre tem o ‘mistério do rádio’ e ele sempre me contagia.”

Pernambucana arretada, Lucy Albuquerque nunca havia se imaginado trabalhando com rádio, mas a vida foi caprichosa com ela. Graduanda em jornalismo, a “Lucy da Massa” cita o fascínio que é fazer rádio diariamente:

“Tudo aquilo que você ouve, você vê acontecendo. Então tem aquela magia do ‘como é que chega do outro lado?’ e principalmente como eu comecei fazendo locução, depois vim pra produção e ainda continuei fazendo locução, é você ver tudo acontecendo ali e que do outro lado do rádio você não tem noção do que acontece por trás. Os enroscos, os perrengues, mas do outro lado tá tudo certo, tá tudo lindo, fluiu tudo bem pra tentar manter essa magia do rádio. Eu acho incrível.”

Ela também destacou o quão importante é trabalhar em um meio de comunicação em que ser rápido é fundamental para maior e melhor atualização dos ouvintes:

“O maior desafio em trabalhar no rádio é a velocidade, a gente não tem tempo pra poder sentar e ver o que dá pra ser feito. Tudo tá acontecendo ao vivo, a notícia chega muito rápido, então você tem que apurar muito rápido, ter certeza do que você está falando muito rápido. E você tem que fazer com qualidade, porque bem ou mal, a credibilidade está em jogo. Esse é o maior desafio: correr contra o tempo para levar informação pro ouvinte.”

Monange – “Amor, apaixonado pelo rádio sempre.”

Monange - “Amor, apaixonado pelo rádio sempre”

Para o avião decolar, precisamos do piloto. E no caso da rádio, o sonoplasta é fundamental para que tudo funcione corretamente. O comandante, ou melhor, o responsável por fazer tudo correr bem ao longo do nosso Pé Na Estrada é Marcos Monange. Com décadas de experiência, ele afirma que é necessária a constante evolução de cada dia para proporcionar aos ouvintes sempre o melhor conteúdo:

“Eu opero o todo, coloco as músicas, os comerciais, os efeitos, os fundos. Tudo na área da sonorização do programa […] Geralmente, quando a gente coloca os efeitos dos caminhões, os caras gostam e pedem, eles mandam qual barulho querem ouvir por meio dos recados. Cria uma relação afetiva com o ouvinte que tá no trecho.”

Ele ainda nos afirmou que para trabalhar em uma função tão agitada quanto a dele, é necessário que o sonoplasta ou o radialista ame o que faz, sendo 100% ligado no rádio:

“Para trabalhar diariamente no rádio você tem que gostar, a paixão é o rádio. Mesmo fora do estúdio você fica ‘fuçando’ o rádio no carro também […] O rádio é tudo na minha trajetória. Você acorda já ligando o rádio ou talvez você dorme com ele ligado, nem desliga.”

O Rádio será eterno?

O Rádio será eterno?

Após conversarmos com os cinco, questionamos todos com as seguintes questões: “Qual é a melhor palavra para definir o que é trabalhar no Rádio?”

Como você pode ver nos títulos, a maioria deles nos respondeu que trabalhar no rádio é simplesmente amor, algo apaixonante, uma realização, um sonho. Mesmo que essas não fossem as palavras utilizadas por eles, já havia sido possível observar o quão apaixonante é o ambiente de uma rádio. Todos os cinco entrevistados demonstram a gratidão que há no desafio diário de transmitir um conteúdo de qualidade aos seus ouvintes, da forma mais cativante possível.

Mas em contrapartida, também resolvemos colocar uma pergunta importante devido o rápido avanço de outros meios de comunicação digitais: “Será que o rádio irá morrer algum dia?”

A Lucy afirma que não, pois as pessoas ainda possuem uma ligação muito grande com esse meio de comunicação:

“Mesmo com as mídias digitais, com a TV e com outras tecnologias, o rádio ainda é uma fonte importante de informação. Ainda mais para o nosso público, que é um público 50+, então as pessoas ainda têm esse vínculo com o rádio. O rádio ainda vai anunciar as coisas com uma velocidade e uma propriedade muito grande. A gente tem que manter esse vínculo vivo de uma forma muito coerente para corresponder a importância que as pessoas dão.”

Rádio Massa Ao Vivo

O nosso Pedro Trucão segue a mesma opinião da Lucy, e ainda destaca a importância do veículo para profissões que dependem em muitos momentos do auxílio de um rádio, como, os caminhoneiros:

“O rádio é fundamental. Caminhoneiro tem muito poucas fontes de informação e o rádio antigamente era a principal. Hoje tem a internet, que ajuda muito, mas o rádio é um companheiro. Você pode ver, o pessoal aqui manda recados ‘direto e reto’, então ele é um ‘companheiro de estrada’, o caminhoneiro vai ouvindo e vai viajando. Se você vai dando informações, com entretenimento, com música e com serviços é a melhor coisa que tem. É muito satisfatório chegar aqui e trazer a informação que é boa pra ele. […] “O rádio vai morrer um dia? Um dia é muito tempo né? Ele vai mudando a configuração e talvez o formato também, mas tem muito tempo pra isso. A informação via canal de rádio, sendo por ondas sonoras ou através do streaming, não irá acabar nunca.”

Logo, podemos definir o rádio como um veículo popular, grande e em evolução constante. Se ele irá “morrer” ou “acabar” algum dia, não sabemos, mas é possível afirmar que enquanto existir pessoas que amam ser parte da minha, da sua e da vida de muitos ouvintes e, que levam sua profissão como algo apaixonante, o rádio será eterno como o tempo…

Por Daniel Santana

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