O que fazer em caso de carga roubada? A pergunta não é agradável, mas, infelizmente, na hora que acontece é difícil saber o que fazer.
Independentemente disso, motoristas e transportadoras devem agir com rapidez quando passam por um roubo de carga na estrada.
Roubo de cargas: O que fazer e os cuidados a serem tomados
A prioridade é sempre a segurança do condutor. Então o primeiro passo é não reagir e nem tentar recuperar o veículo, pois o risco de violência é muito alto.
Após passar pela primeira etapa, por exemplo, o motorista precisa acionar a Polícia Militar pelo telefone 190, informando local, horário, placa do caminhão, tipo de mercadoria e direção tomada pelos criminosos.
Em seguida, é essencial registrar um boletim de ocorrência em delegacia ou nas unidades especializadas em crimes contra cargas.
Ainda depois do susto, transportadora ou embarcador devem ser avisados imediatamente, para que protocolos internos e a seguradora sejam acionados.
O boletim de ocorrência finalizado e todos os documentos do transporte — nota fiscal, comprovantes de frete e registros de rastreamento — são fundamentais para o processo de indenização e investigações.
Quais são as cargas mais roubadas?
O Transporte Rodoviário de Cargas, responsável por movimentar mais de 70% da economia brasileira segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), porém, ao mesmo tempo, segue sendo um dos setores mais visados pela criminalidade.
Em São Paulo, por exemplo, estado que concentra a maior frota e os principais corredores logísticos do país, os números mais recentes trazem um cenário de avanços, mas também de desafios.
Confira as cargas mais roubadas no primeiro semestre de 2025:
| Ranking | Tipo de Carga | 2025 | 2024 |
| 1° | Diversos/Fracionada | 27,7% | 58,5% |
| 2° | Alimentício | 14,7% | 22,6% |
| 3° | Eletrônicos | 8% | 9% |
| 4° | Higiene e Limpeza | 5,1% | 0,1% |
| 5° | Medicamentos | 3,9% | 0,7% |
| 6° | Defensivo Agrícola | 2,1% | 0,1% |
| 7° | Químicos | 0,5% | NA% |
| 8° | Bebidas | 0,4% | 0,2% |
| 9° | Cigarros | NA% | 6,1% |
| 10° | Pneus | NA% | 1,3% |
| 11° | Têxtil | NA% | 1,3% |
| 12° | Eletrodomésticos | NA% | 0,1% |
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As cargas fracionadas, pequenos volumes enviados pelos embarcadores, lideram as estatísticas de roubo no transporte rodoviário.
Como os responsáveis pagam apenas pelo espaço útil do caminhão, os produtos viajam juntos e ficam mais vulneráveis à ação criminosa.
Em seguida, os itens de fácil escoamento e alto valor agregado aparecem entre os mais visados, especialmente alimentos, eletrônicos, produtos de higiene e limpeza, medicamentos, defensivos agrícolas e químicos.
Como fazer denúncia de roubo de carga?
Agir rapidamente na hora denúncia é importante para aumentar as chances de recuperar a mercadoria e responsabilizar os criminosos.
Com isso, a prioridade é garantir a integridade física do motorista e demais envolvidos, evitando qualquer reação.
Em seguida, é fundamental acionar a Polícia Militar pelo telefone 190, informando local, horário, características do veículo, placas, tipo de mercadoria e a direção tomada pelos assaltantes.
Existe o disque denúncia pelo 181
Também é possível fazer denúncias anônimas pelo Disque Denúncia, no número 181, ou por canais específicos criados em alguns estados para combater esse tipo de crime.
Depois do atendimento inicial, o passo seguinte é registrar um boletim de ocorrência em uma delegacia.
Paralelamente, a transportadora ou o embarcador precisam ser informados para acionarem seus protocolos internos e comuniquem a seguradora, abrindo o processo de indenização.
Por fim, é recomendável reunir e guardar todos os documentos e registros relacionados ao sinistro, como cópias do boletim, notas fiscais, comprovantes de comunicação e eventuais dados do rastreador do veículo.
Qual o índice de roubo de carga no Brasil?
A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP) apresentou um levantamento estatístico semestral sobre roubo, furto e receptação de cargas.
Os dados, compilados a partir da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) e do sistema SPCarga revelam reduções expressivas em todas as modalidades de crime: roubo (−25,9%), furto (−19,2%) e receptação (−41,1%) no comparativo entre janeiro e junho de 2024 e 2025.
No entanto, o relatório também aponta que, apesar da queda no número absoluto de ocorrências, houve aumento de 22,5% no valor médio das perdas por crime, passando de R$ 72,4 mil em 2024 para R$ 88,7 mil em 2025.
Esse dado evidencia que os criminosos vêm direcionando suas ações para cargas de maior valor agregado, como alimentos, eletroeletrônicos e outros produtos de alta demanda no mercado paralelo.
O relatório também mostra que os índices de recuperação de mercadorias seguem baixos, com apenas 8,7% das cargas roubadas e 10,8% das furtadas foram recuperadas.
Além disso, a maioria das ocorrências continua concentrada em situações específicas, de terça a sexta-feira, com pico no período da manhã, e principalmente durante a entrega (47,2%) ou por interceptação em movimento (35,7%).
Qual o índice de roubo nas seguradoras?
O produto de seguro que protege o transportador contra roubo, furto, apropriação indébita de carga, assim como extorsão e estelionato, ganhou protagonismo após a edição da Lei nº 14.599/2023.
O documento tornou obrigatório para todos os transportadores rodoviários de carga devidamente cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas (RNTRC), sistema mantido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que habilita empresas e profissionais autônomos a atuarem legalmente no transporte remunerado de cargas no país.
A relevância desse seguro para a economia brasileira é reforçada pelos números recentes de criminalidade.
Seguros e roubos de carga registrados
Em 2024, mais de 10 mil roubos de carga foram registrados no país, resultando em prejuízos estimados em R$ 1,2 bilhão, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).
Trata-se de uma vulnerabilidade estrutural do transporte rodoviário, principal modal logístico do Brasil, que confirma a necessidade de instrumentos de mitigação como o seguro contra desvio de carga (RC-DC).
Os resultados do produto no primeiro semestre de 2025, conforme a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), evidenciam sua crescente importância.
A arrecadação do somou R$ 688,3 milhões até junho, um crescimento de 9,6% em relação ao mesmo período de 2024.
As indenizações pagas acompanharam esse movimento, totalizando R$ 284,8 milhões, alta de 13% frente ao primeiro semestre do ano passado.
Considerando apenas o mês de junho de 2025, o ramo arrecadou R$ 118,5 milhões (+17%), ao mesmo tempo, em que destinou R$ 46,1 milhões ao pagamento de indenizações (+16,3%).
Esse desempenho reflete não apenas o aumento da demanda pelo seguro, impulsionado pela obrigatoriedade legal, mas também a elevada frequência e gravidade dos prejuízos que caracterizam o transporte de cargas no Brasil.
Como evitar roubo de carga?
Após um episódio indigesto, as empresas costumam revisar rotas, horários e procedimentos de segurança, incluindo o uso de rastreadores, comunicação permanente com motoristas e, quando necessário, escolta armada.
Essas ações ajudam a reduzir o risco de novos roubos e a proteger motoristas e cargas.
Outras dicas você pode ver na reportagem que traz 7 dicas de segurança no transporte de carga. Apesar de abranger outros tópicos de condução, ela também menciona a prevenção contra roubos e assaltos.
Dicas de segurança:
Assaltos na estrada são uma preocupação frequente do transportador. A ação de quadrilhas especializadas em roubo de cargas resultou, em 2024, no registro de mais de 10 mil ataques a motoristas em todo o país.
Mas o que fazer para se prevenir de assaltos na estrada?
Planejar a rota é preciso desde o tempo das caravelas. Portanto, veja a distância percorrida e utilize sempre os postos de abastecimento ou de parada recomendados.
Quem não se comunica, se trumbica, já dizia Chacrinha (apresentador Abelardo Barbosa). Por isso, mantenha a comunicação com o embarcador ou transportador. Mantenha todos os eletrônicos e localizadores ativos, pois a tecnologia chegou para ajudar.
Posto de Parada ainda é uma raridade no Brasil, mas veja se há algum na rota pretendida e não deixe de usar.
Rodar à noite é mais gostoso. Menos calor, pouco trânsito, silêncio, entre outros. Mas é na calada da noite que os bandidos preferem atuar. Portanto, prefira se programar para rodar de dia.
Tem uma história para contar ou dica para passar:
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Conclusão:
Proteger a carga e a segurança de quem está na estrada é um desafio diário — e o roubo continua sendo um dos principais riscos para quem vive do transporte rodoviário no Brasil.
Mesmo com avanços nas estatísticas, as perdas financeiras seguem altas e a recuperação de mercadorias ainda é baixa.
Por isso, agir rápido faz toda a diferença: preservar a própria vida, acionar a polícia, registrar o boletim de ocorrência e avisar a transportadora e a seguradora são passos que ajudam a reduzir prejuízos e aumentar as chances de investigação.
Além disso, investir em planejamento de rotas, tecnologia de rastreamento e boas práticas de prevenção fortalece a segurança no transporte e dá mais tranquilidade para motoristas e empresas seguirem viagem.

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.