sexta-feira, novembro 22, 2024

Tem uma mentira no meu caminho – Como desviar das Fake News no trecho?

NotíciasTem uma mentira no meu caminho - Como desviar das Fake News...

Repasse essa notícia antes que tirem do ar, AET liberado pra rodar de noite, corra para fazer o recadastramento da ANTT… você com certeza já recebeu alguma dessas notícias em seu WhatsApp ou outra rede social. E você, talvez, tenha acreditado naquela informação. Então, provavelmente, você já caiu em uma Fake News. Não fique chateado, nem se sinta bobo. Todo mundo já acreditou em notícia falsa em algum momento. Mas e aí, como saber se uma notícia é verdadeira ou não, como desviar das Fake News no trecho?

A mentira difundida por meio de notícias

Infelizmente, a disseminação de notícias falsas sobre os mais variados temas vem se tornando tendência no Brasil e no mundo nos últimos tempos. Questões de interesse público que deveriam informar a população de maneira isenta e ética, acabam sendo distorcidas para difamar pessoas, manipular fatos e tentar influenciar na opinião de quem as lê.

Aplicativos como Whatsapp, Facebook e Telegram acabam sendo grandes polos de veiculação de notícias falsas, dentro de grupos e/ou fóruns que tendem a defender determinados assuntos ou pontos de vista, como política e religião, por exemplo.

Com informações ligadas aos transportes não é diferente. Aqui em nosso site, já desmentimos informações ligadas à Renovação do RNTRC, por exemplo. No mês de março deste ano, várias notícias falsas haviam sido disseminadas afirmando que a ANTT, a Agência Nacional dos Transportes Terrestres, estaria exigindo a volta das renovações do registro. Algumas instituições chegaram até a ligar para caminhoneiros autônomos dando essa informação e oferecendo o serviço de renovação. No entanto, a Agência afirmou na época que que isso não passava de Fake News, pois o RNTRC vencido durante a pandemia seguia valendo.

Em 2020, também desmentimos uma informação veiculada através de um vídeo divulgado nas redes afirmando que o uso de álcool em gel poderia interferir no teste do bafômetro. Na época, a PRF publicou um vídeo repetindo o teste com um bafômetro homologado, comprovando que apenas usar álcool nas mãos e inalar o cheiro do produto não é o suficiente para ser pego no teste.

Como se precaver contra as Fake News?

Estar atento a detalhes e usar o “desconfiômetro”. A seguir destacaremos alguns pontos em que se deve ter atenção para desviar de informações falsas.

Para a realização desta análise, utilizaremos como exemplo a matéria “Você tem 4 vezes mais chances de morrer de acidente em uma rodovia pública”, publicada em nosso site no dia 2 de agosto de 2022.

  • Checar a URL da Notícia

Checar a URL da Notícia
Imagem: PNE

É importante que o leitor sempre cheque a URL (link) da página para não cair em uma cilada. Normalmente, as notícias falsas aparecem em sites com nomes muito similares aos de grandes portais, como o G1 ou o UOL, o que acaba induzindo pessoas a acreditarem que a informação é verdadeira por estar em um portal conhecido. No entanto, a pessoal não percebe que o nome é quase, mas não é igual ao real. Portanto, é necessário ter atenção especial ao clicar num link, observando a URL, o nome da página e até pesquisando outros conteúdos do site em questão para verificar a veracidade das informações.

  • Não ler apenas a manchete

Não ler apenas a manchete
Imagem: PNE

Algo comum entre as pessoas é a falta de aprofundamento no momento de emitir opiniões sobre algum assunto, não é mesmo? Você, certamente conhece alguém que opinou sobre determinado tema apenas ouvindo ou lendo uma manchete, deixando a maior parte da informação de lado. Ou seja, ao se ter uma notícia em mãos, é muito importante: Realizar uma leitura por completo do conteúdo, atentando-se desde o LEAD (primeiro parágrafo) até o último; observando sempre as imagens e os dados ligados ao tema; e vendo outras sugestões de links dentro da matéria para maior entendimento do assunto.

Por muitas vezes, manchetes excessivamente chamativas podem ser uma pegadinha, fugindo totalmente do contexto que a notícia deveria ter e até se configurando como algo para “caçar cliques”, visando gerar engajamento a determinada página ou site e levar renda para aquele site.

  • Se os números apresentados são verídicos

Se os números apresentados são verídicos
Imagem: PNE

Estar atento às fontes dos números disponibilizados nas matérias também é importante. No exemplo acima, é possível notar os números de acidentes contabilizados pela PRF, a Polícia Rodoviária Federal, num período de três anos para a obtenção dos dados, o que já aponta o que será visto no texto. Dentro desta mesma notícia, aparecem outras informações relevantes ao tema como dados técnicos e gráficos.

Frequentemente, notícias falsas se valem de dados com vários números para tentar convencer o leitor de que a informação em questão é verídica. Entretanto, distorcem números que são reais, mas apresentam um contexto falso. Um bom exemplo pôde ser visto nas eleições de 2018, quando se disseminou em grupos de WhatsApp um suposto boato de anulação de votos da eleição presidencial. A informação dizia o seguinte:

“TSE informa: 7,2 milhões de votos anulados pelas urnas! (…) O TSE tem obrigação de esclarecer os motivos que levaram à anulação de mais de 7,2 milhões de votos que representam 6,2% do total. A anulação só pode acontecer em voto de papel, porque permite rasuras ou ambiguidade. Se você enviar para apenas 20 contatos em um minuto, o Brasil inteiro vai desmascarar este Bandido. NÃO quebre essa corrente. Os incautos precisam ser esclarecidos antes que seja tarde demais…”

Em nota divulgada na época, o TSE, Tribunal Superior Eleitoral apontou que a informação não passava de uma distorção de dados:

“O texto que circula sobre a anulação de votos pela Justiça Eleitoral é falso. A urna eletrônica permite que se realize o voto nulo. Basta digitar um número que não corresponda a nenhum candidato ou partido e apertar a tecla CONFIRMA. É importante referir que a urna emite alerta de que será nulo o voto nessas condições. Assim, não foram 7,2 milhões de votos anulados pelas urnas. Esse número corresponde ao volume de eleitores que optaram por votar nulo, ou seja, digitar um número inexistente e apertar a tecla CONFIRMA. Além disso, os resultados dos votos nulos desta eleição estão em consonância com o histórico de votos nulos de eleições anteriores.

Votos nulos por eleição:

1994 – 7.443.144 (9,55%)

1998 – 8.886.895 (10,67%)

2002 – 6.976.685 (7,35%)

2006 – 5.957.521 (5,68%)

2010 – 6.124.254 (5,51 %)

2014 – 6.678.592 (5,80%)

2018 – 7.206.205 (6,14%)”

Ou seja, aqui usaram-se números reais, mas com uma interpretação maliciosa e falsa. E mais do que isso, a mensagem ainda convoca ao compartilhamento com diversos contatos, para espalhar ainda mais a informação incorreta.

  • Apurar informações em destaque no texto e outros links

Observar as informações destacadas na matéria também é algo essencial. A imagem abaixo apresenta dados disponibilizados pela Pesquisa CNT de Rodovias 2021 e pela Fundação Dom Cabral, apresentando dados técnicos sobre a periculosidade das rodovias públicas no Brasil em prol de uma maior compreensão do assunto.

Apurar informações em destaque no texto e outros links
Imagem: PNE

Também é importante atentar-se a outros links dentro da matéria, pois eles buscam ligar ou complementar o assunto em questão. No exemplo a seguir, temos os “4 fatores que explicam os dados”, com o primeiro ponto abordando os riscos nas “pistas simples e duplicadas”. Nota-se que na frase “acidentes mais fatais”, há a indicação na cor amarela de um outro link. Nessa ocasião, a matéria fala sobre os três tipos de acidentes mais fatais nas rodovias federais, logo, fazendo uma conexão entre os dois assuntos. Ou seja, o site não foi criado apenas para difundir aquela informação, ele tem um histórico no assunto.

Outros links em destaque no texto
Imagem: PNE
  • Buscar outras fontes confiáveis

Um ponto fundamental para entender um tema é a pesquisa em outros sites sobre o mesmo assunto. Na construção desta matéria, pesquisamos a frase “estudo federação dom cabral sobre rodovias” a fim de encontrar outras notícias sobre a matéria analisada nesta pauta.

A imagem abaixo mostra que obtivemos resultados do G1, do Correio Brasiliense, do Estado de Minas, entre outros veículos. Em suma, é importante que o leitor também acesse matérias sobre o mesmo tema em outras páginas confiáveis para uma maior apuração do assunto, tendo bases de pesquisa para formar o seu ponto de vista.

Buscar outras fontes confiáveis
Imagem: PNE

Em uma situação oposta, na semana passada circulou uma imagem de uma matéria que seria do Portal R7 afirmando que veículos que precisam de AET estariam liberados para rodar a noite. Além da imagem vir sem o link, o que já desperta um alerta, ao escrevermos o texto no Google não encontramos nenhuma matéria sobre o assunto. Ao procurarmos o número da portaria apresentada, também não encontramos nada. Logo, isso mostra claramente que se tratava de uma notícia falsa. Usando de número de portaria e de supostamente um veículo de credibilidade para enganar mais facilmente as pessoas.

Notícias falsas sobre AET
Reprodução: WhatsApp
  • Atenção aos erros de português

Veículos de imprensa de qualidade prezam pelo bom uso do português. Por isso, ao desconfiar de uma informação, procure por erros gramaticais. Na imagem acima podemos notar vários como a falta de vírgula e do artigo O antes de “Presidente Jair Bolsonaro” e a falta de crase em “não trazem risco à segurança”.

  • Ter atenção com as “Deepfakes”

Algo bastante utilizado nos últimos tempos para a veiculação de informações falsas são vídeos falsos com personalidades da mídia, políticos, jornalistas, etc. A popular Deepfake é uma técnica que permite, a partir de uma foto ou vídeo de alguém, mudar o que a pessoa está falando por meio de inteligência artificial. Para criar o material editado, basta ter um vídeo verdadeiro ou foto da pessoa que se quer copiar e um vídeo que o próprio editor pode gravar com informações falsas. A partir daí o editor combina os dois através de um dos vários aplicativos criados com essa finalidade.

Recentemente, foi publicado nas redes sociais um vídeo onde a âncora do Jornal Nacional (Globo), Renata Vasconcellos, afirmava que o atual presidente da república, Jair Bolsonaro, liderava a pesquisa de intenção de votos do IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) do dia 15 de agosto de 2022. No vídeo editado, a jornalista afirma que Bolsonaro aparece em primeiro lugar, com 44%, e Luiz Inácio Lula da Silva em segundo, com 32%. Na realidade, o resultado é exatamente o oposto: Lula em primeiro, com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro em segundo, com 32%.

Imagem editada:

Imagem editada da pesquisa IPEC de 15 de Agosto de 2022
Reprodução: Yahoo!

Imagem real:

Imagem real da pesquisa IPEC de 15 de Agosto de 2022
Divulgação: TV Globo

Em entrevista ao Uol, o influencer Bruno Sartori, especialista em edições de vídeos e muito conhecido nas redes justamente por conta de suas Deepfakes envolvendo políticos como Bolsonaro e Lula, aponta alguns detalhes importantes no vídeo e destaca porque é tão difícil detectar se o conteúdo é verídico ou não: “A voz é real, o vídeo é real, mas a forma que ele foi editado e tirado de posição no áudio faz com que ele pareça ser um vídeo real.”

Sartori ainda cita o quão é difícil detectar se um vídeo como esse é falso ou não: “É um pouco difícil porque isso depende do profissional que criou esse tipo de conteúdo. É possível criá-lo com a facilidade de quem ninguém detecte que é manipulado, mas também há algumas que entregam, por exemplo o contexto.”

Páginas que realizam checagem de informações

Devido ao aumento da divulgação de notícias falsas sobre os mais determinados assuntos, vários veículos de comunicação criaram editorias específicas para realizar apurações a fim de desmistificar boatos e apontar o que é verdade e o que é mentira em notícias publicadas em sites e nas redes sociais. Confira a seguir algumas sugestões de páginas que realizam esse tipo de trabalho:

É fundamental que não apenas os estradeiros, como a população no geral tenha um entendimento dos perigos existentes na disseminação de informações falsas nos dias de hoje. A rapidez da internet aliada à pessoas de má fé, podem acabar acarretando inúmeros problemas devido a mentiras e dados irreais em prol de beneficiar e/ou prejudicar determinada pessoa ou grupo. Ter consciência dos males que a Fake News pode trazer em uma sociedade é algo primordial a uma população que necessita se informar de uma maneira ímpar e limpa. E você deve sempre estar com seu “desconfiômetro” ligado.

Por Daniel Santana com informações do UOL, do Yahoo! e do G1

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