Há praticamente um ano, a XCMG apresentou na Agrishow o primeiro cavalo mecânico 100% elétrico do Brasil. O E7-49, importado da China, tem autonomia de 150 km e peso bruto total combinado de 49 toneladas.
Diferenciais do Modelo
Um dos diferenciais do modelo é o sistema de troca de baterias, locadas atrás da cabine, que substitui a “pilha” com a ajuda de uma empilhadeira em menos de cinco minutos. O valor sugerido para o cavalo mecânico continua sendo o mesmo do lançamento, R$ 1,3 milhão.
De acordo com Ricardo Senda, gerente de elétricos da XCMG Brasil, cerca de 40% do custo do caminhão está na bateria. O executivo acrescenta que o objetivo da companhia não está no desenvolvimento de baterias para o mercado interno, mas sim na produção de veículos inteligentes que atendam às necessidades globais. A XCMG é a terceira maior fabricante de linha amarela (veículos utilizados para a construção, terraplanagem e até mineração) do mundo.
Tian Dong, vice-presidente comercial da XCMG, compactua da mesma linha de raciocínio do gerente. Em cerimônia de inauguração do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, em Pouso Alegre, Minas Gerais, o porta-voz ressaltou que a viabilidade dos veículos elétricos no Brasil depende de diversos fatores como: fornecimento e disponibilidade de lítio, apoio governamental, incentivos, entre outros.
Novo espaço em Minas Gerais
O lançamento do espaço, que conta com a cooperação e intercâmbio de engenheiros chineses com os do Brasil, faz parte de um investimento já anunciado de R$ 270 milhões. Dentro desse montante está ainda a futura construção de uma área para montagem e produção de motores, bem como a melhoria na estrutura dos sistemas e maquinários voltados aos modelos para exportação, uma vez que um pouco da metade dos clientes da XCMG Brasil está na América Latina e Estados Unidos. Há também uma previsão de contratação de 300 postos de trabalho.
Mas os planos são audaciosos e não param por aí. Com a liderança isolada no segmento de pesados elétricos e com uma participação no mercado de 98%, a XCMG entregou 130 caminhões no último ano. A ideia, agora, é continuar na mesma tocada crescente e triplicar o volume, ou seja, comercializar cerca de 400 modelos, sendo quase a metade destinada ao mercado externo.
Além da produção de máquinas e de caminhões, a XCMG tem um braço dedicado a operação bancária e uma área voltada à locação de veículos, já atuante, que em breve deve se transformar em uma nova empresa do grupo.
A diretora comercial & ESG da Reiter Log, Vanessa Pilz, incorporou à frota da companhia, em 2024, mais 10 unidades do E7-49. De acordo com ela, 30% dos modelos da companhia já funcionam com energia alternativa. “Às vezes é uma solicitação dos nossos clientes e, ao mesmo tempo, uma proposta que temos com um compromisso sustentável”, explica a executiva, afirmando que até 2035 todas as unidades da Reiter Log serão movidas por energia limpa.
O gerente Ricardo Senda coloca que espaço para empresas de logística se eletrificarem não vai faltar. Ele acrescenta que estão por chegar um caminhão VUC, um toco de 18 toneladas e um truck de 80 toneladas. “Como a Lei da Balança no Brasil é exigente, nosso principal desafio é fazer com que a bateria não acabe ultrapassando o limite”, explica.
Características do XCMG E7-49
O XCMG E7-49 tem garantia de 3 anos. O trem de força é composto por um motor elétrico síncrono de imã permanentes com potência de 482 cv e torque máximo de 2.000 Nm, auxiliado por uma transmissão automatizada (AMT) de 4 velocidades. Embora o torque seja linear e, em teoria, o motor elétrico não precise de “câmbio”, as reduções executadas pelas engrenagens ajudam a poupar energia elétrica, principalmente, nas arrancadas. A velocidade máxima do truck é de 84 km/h.
Com baterias de ferro fosfato de lítio de 282 kWh, o caminhão elétrico pode ser carregado por meio de carregadores DC (corrente contínua), que, em condições ideais, pode completar a recarga em cerca de uma hora.
Por Rodrigo Samy