Quanto ganha um caminhoneiro? Veja o salário dessa profissão

CuriosidadesQuanto ganha um caminhoneiro? Veja o salário dessa profissão

Muitas pessoas que pensam na profissão de caminhoneiro têm se perguntado: Quanto ganha um caminhoneiro? Responder a essa pergunta não é simples, pois as modalidades de carga, tipo de caminhão, distâncias, regiões do Brasil, entre outras características, afetam o ganho mensal ou o salário.

Ainda assim, neste artigo, vamos entender mais sobre salários, faturamento e benefícios. Será que a profissão dá algum direito adicional como a aposentadoria especial? Entenda tudo isso nos parágrafos a seguir. 


Quanto ganha um caminhoneiro?

Para começarmos esses comparativos vamos separar os regimes de trabalho que interferem nesses ganhos como: caminhoneiro autônomo (caminhão próprio e sem contrato fixo com transportadora), caminhoneiro agregado (caminhão próprio e com contrato fixo com transportadora) e caminhoneiro CLT (sem caminhão próprio e com carteira assinada).

Quanto ganha um caminhoneiro que tem o próprio caminhão? 

caminhoneiro sorrindo

O caminhoneiro autônomo talvez seja o mais vantajoso, pois ele faz os ganhos conforme sua produção e tem a liberdade de trabalhar onde bem entender. Porém, primeiramente, ele precisa comprar um caminhão. Em seguida, ele irá custear a manutenção desse caminhão, abastecimento, peças e tudo que envolve a operação para que ele possa rodar. 

Segundo a pesquisa A realidade do caminhoneiro autônomo em 2022 , da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), a média de ganho líquido mensal do motorista autônomo era de R$3.900. Entretanto, essa média inclui desde transportes que costumam remunerar menos, como verduras ou sucata, até segmentos mais lucrativos como cegonha e produtos perigosos.

Outra forma de entender essas diferenças é pelo valor oficial de frete definido pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).  Veja a variação dos valores de frete para a mesma distância e mesma quantidade de eixos do caminhão.

Analisando a tabela acima, vemos que algumas cargas conseguem fretes melhores, sendo assim, o ganho do autônomo vai variar. Além disso, o quanto o motorista consegue dirigir de maneira econômica, se faz ou não manutenção preventiva, se programa as paradas, tudo isso vai influenciar no ganho final.

Uma dica importante é sempre fazer contas antes de aceitar um frete. Para isso, o caminhoneiro conta com a referência da tabela da ANTT. Clique aqui para acessar a nossa calculadora de fretes, que utiliza os valores da Agência

Exemplo real de como a renda é variável: 

Carlos Almeida (o exemplo é real, o nome é fictício) tem um caminhão de 2007, em bom estado, comprado há 1 ano. É um trucado, com capacidade de 14 toneladas de carga geral. 

Em um mês bom, ele conseguiu trabalhar todos os dias da semana com a média de fretes de R$1.200/dia. Ele trabalhou 22 dias no mês, rodando pelo Estado de São Paulo, não indo mais longe que 200km da capital. Tirou o sábado e o domingo para descansar em casa. 

A autonomia do tanque foi de 3 dias, rodando 900 km, aproximadamente. Considerando uma média de R$6,10 o litro (preço do diesel em novembro de 2023), foram R$1.677,50 por tanque. Em 22 dias, são gastos, em média, 7 tanques. Isso dá R$ R$11.742,50 em combustível em um único mês.

Carlos tomou café da manhã e jantou em casa, gastando R$25 na marmita do almoço, R$550 total/mês. A parcela do caminhão foi de R$2.500 e o documento estava ok. A transportadora assegurou a carga e, digamos, o Sr.Almeida preferiu se arriscar e não ter seguro no caminhão, para economizar. 

Nesse exemplo simples, Carlos ganhou R$26.400 bruto e teve despesas de R$14.792,50 sobrando líquido R$11.607,50.

E se algo der errado? 

No exemplo acima vemos um ganho mensal atrativo, pensando que Carlos tem como rotina tomar café e jantar em casa, apesar de se arriscar andando sem seguro do veículo e percorrendo uma distância significativa. 

Entretanto, temos que levar em consideração que a realidade não é perfeita e imprevistos acontecem, como um pneu que estoura, por isso, a importância de uma poupança. Afinal, só um pneu de caminhão custa, no mínimo, R$2.500,00, mais de 20% da renda líquida desse mês. 

Além disso, consideramos um mês bom, mas muitos caminhoneiros autônomos relatam não terem fretes todos os dias. Também pode acontecer de o motorista ou algum familiar adoecer e, por isso, ele não conseguir trabalhar, não recebendo pelo dia parado. 

Soma-se a isso a questão do pedágio. Pela Lei do Caminhoneiro, 13.103/2015, a transportadora tem que arcar com esse custo. Porém, nem sempre isso é realidade e muitas “incluem” no valor do frete a despesa com pedágio. Sendo assim, é mais um gasto para o motorista.

Considerando o exemplo real e a tabela da ANTT, percebe-se que o ganho pode ser influenciado por muitas variáveis. O que é possível afirmar é que quanto mais ele entender que o caminhão é um negócio e precisa de planejamento, melhor deve ser o faturamento. 

Quanto ganha um caminhoneiro agregado?

O caminhoneiro agregado trabalha de forma muito parecida ao autônomo, porém, está vinculado a uma única empresa. Sendo assim, arca com todos os custos do veículo e também recebe pelos fretes feitos. A diferença é que terá regras a cumprir, determinadas pela transportadora, e não poderá escolher as próprias cargas e destinos. Por outro lado, tem um mínimo de cargas garantidas e não precisa ficar na busca de novos fretes. 

Os ganhos desse profissional costumam ser um percentual do valor da nota fiscal da carga transportada. Esse percentual varia de acordo com o contrato e a negociação entre empresa e motorista e gira em torno de 6 a 12% do valor do produto. Ou seja, em uma carga avaliada em R$100 mil, a comissão do motorista fica entre R$6.000,00 e R$12.000,00. Em outros modelos, ele pode ser um valor fechado conforme a rota.

Importante destacar que isso é faturamento e não ganho líquido. Desse valor, o motorista vai tirar combustível e todos os custos de manutenção. Dessa forma, o ganho no final do mês vai depender das mesmas variáveis já apresentadas para autônomos. 

Para decidir ser autônomo ou agregado, o dono do caminhão precisa fazer contas e ver as opções disponíveis. Vale ressaltar que a maioria das empresas não aceitam agregar caminhões com mais de 15 anos. 

Quanto ganha um caminhoneiro com carteira assinada?

carteira de trabalho

Já o caminhoneiro CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é aquele que trabalha com carteira assinada, salário fixo pré-estabelecido e utiliza o caminhão da empresa. Esses trabalhadores têm um salário-base, comissões e benefícios, 13o salário e férias remuneradas. 

O salário do caminhoneiro “fichado”, como muitos se referem ao CLT, também varia muito de acordo com a região, tipo de carga e tamanho do veículo. Em uma busca no site de empregos Catho, a média da profissão fica em R$1.569,37. Já o site Vagas afirma que a média salarial para caminhoneiros no Brasil é de R$1.785,00.  Pelo portal Quero Bolsa, o valor médio sobe para R$2.111,80. 

Em conversa com nossa reportagem, motoristas CLT afirmaram também que recebem hora extra, adicional noturno, premiações por cuidados com o caminhão, entre outros incentivos, que variam mês a mês. Considerando todos esses elementos, os motoristas com os quais conversamos contam que os salários partem da base mostrada no parágrafo acima e podem chegar a R$6.000,00. Vale lembrar que, nesse caso, os custos do veículo são de responsabilidade do empregador.

Como funciona o salário de caminhoneiro? 

O salário de um caminhoneiro depende de diversas variáveis. No caso dos motoristas empregados em regime de CLT, como vimos acima, existe um salário-base, que varia por região e tipo de carga, e existem os adicionais. 

A principal variável é a chamada produtividade. Nesse modelo, o motorista ganha um valor por quilômetro rodado ou por algum outro parâmetro definido pela transportadora. Existe também o modelo de comissão, que é um percentual em cima do valor do frete que a transportadora recebe. 

Segundo a Lei 13.103, essas formas de composição do salário não podem afetar a segurança do trabalhador. Ou seja, ele não pode rodar, por exemplo, sem dormir para aumentar sua produtividade. 

Outros itens que compõe o salário são: 

  • gratificação por média de consumo: se o motorista consegue atingir uma marca de consumo determinada pela empresa, ele ganha um adicional no salário 
  • gratificação por cuidados com o caminhão: muitas empresas pagam um valor extra para o motorista que mantém o veículo limpo e bem cuidado
  • diária: como muitos motoristas passam o dia todo fora, diversas empresas pagam diárias para custear alimentação, banho e estacionamento
  • adicional noturno e de periculosidade: esses valores são obrigatórios por lei para trabalhadores no período noturno (só dormir no caminhão não caracteriza trabalho noturno) ou com cargas perigosas. 

Que tipo de caminhoneiro ganha mais? 

Existem diversos segmentos dentro do transporte. Existe o caminhão de carga geral, o baú, a caçamba, o graneleiro, a cegonha, o tanque, o refrigerado e muitos outros. Quanto maior o valor agregado da carga transportada, maior costuma ser o ganho do caminhoneiro, seja empregado ou autônomo. 

Outro fator de variação no salário é o tamanho do veículo. Quanto maior o caminhão, maior o salário. A distância percorrida também influencia na conta. Quanto maior a rota da viagem, maior costuma ser o ganho. 

Entretanto, o que mais influencia mesmo é a oferta/ procura. Ou seja, se tem muita carga e pouco caminhão na região para carregar, o frete vai subir.

Ganho por tipo de carga

Na média, o caminhoneiro que ganha mais é o de carga perigosa. Esse motorista precisa ser treinado, ter o curso MOPP, e a carga exige implemento e manejo diferenciado, por isso costuma pagar mais. 

Outro segmento que ganha melhor, como vimos inclusive na tabela de fretes da ANTT, é a carga frigorificada. Ela também exige um implemento diferente e que precisa estar sempre com a manutenção em dia. Sendo assim, também costuma pagar melhor.

Você também pode levar em conta o produto de sua região, se for a cidade do morango, por exemplo, pode ser que compense mais transportar esta carga pela demanda alta. Ou ainda a sazonalidade. Em época de safra, o frete costuma ser bom nas regiões produtoras.

Ganho por tamanho do veículo

Quanto maior o caminhão, maior a responsabilidade do motorista e maior a quantidade de carga transportada, logo, maior tende a ser o salário.

Os número variam por região, mas a tendência costuma ser a mesma. No Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região), o acordo sindical fechou os seguintes valores para 2023 e 2024:

I – Motorista – R$ 2.482,91

II – Motorista de carreta – R$ 2.725,61 (veja aqui a diferença entre caminhão e carreta)

III – Motorista de veículo com 7 eixos ou mais – R$ 3.134,42

Já para o sindicato de Jundiaí e região, além dessas diferenças por tipo de caminhão, o motorista de carga perigosa tem um acréscimo de 30% no salário.

Caminhoneiros de diferentes regiões recebem o mesmo salário?

Não, as cotações de frete e salário variam conforme o estado. As diferenças nas cotações de frete dependem da demanda e da escassez de profissionais em cada estado, além do custo de vida. 

O estado onde a profissão de caminhoneiro tem o melhor salário é no Paraná. Pelo site Quero Bolsa, enquanto a média nacional é de R$2.111,80, a média por lá é de R$2.318,02. Outros estados com bons valores são Mato Grosso e Santa Catarina. 

Caminhoneiros que trabalham a noite ou final de semana ganham mais? 

Sim, eles ganham mais. Essa modalidade se aplica aos ganhos do profissional CLT. Em entrevista ao Pé na Estrada, alguns profissionais do setor de RH de transportadoras, explicaram que as empresas pagam um adicional noturno para motoristas que rodam após as 22h.

O cálculo é feito com um acréscimo de até 20% na hora trabalhada, sendo obrigatório e válido até as 5h da manhã. Segundo os profissionais de RH, esse acréscimo é muito importante para vários motoristas, chegando a representar mais de 50% do salário. 

Com os finais de semana não é diferente, dependendo da escala de trabalho, o final de semana também conta como hora extra. 

O caminhoneiro autônomo recebe hora extra?

O caminhoneiro autônomo tem poucos direitos assegurados, a não ser pela Lei do Caminhoneiro. Por ser sua própria empresa, as leis da CLT não se aplicam a ele, então, ele não recebe horas extras. No entanto, ele tem o direito e deve receber pelas horas paradas para carga e descarga. 

Conforme a Lei n.º 11.442, de 5 de janeiro de 2007, o prazo máximo para carga e descarga é de 5 horas, a contar da chegada do veículo ao endereço de destino. Após esse período, será devido ao Transportador Autônomo de Carga – TAC ou à Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas – ETC um valor específico calculado por tonelada/hora ou fração.

O valor da hora parada que o transportador deve pagar como extra atualmente é de R$2,21. O caminhoneiro deve multiplicar esse valor por tonelada/hora, a partir da primeira hora parada após passadas as 5h esperando. Vale ressaltar que a multiplicação é pela capacidade do caminhão e não pelo peso daquela viagem. 

Exemplo: um caminhão com capacidade para 14,5 toneladas de carga, que fica parado 9 horas a espera do descarregamento tem que fazer a seguinte conta –
14,5 x 9 x 2,21 = R$288,40. Ou seja, além do frete acordado, ele deve receber mais R$288,40 da transportadora ou embarcador.

Como os anos de experiência afetam o salário de um caminhoneiro?

A experiência é bem-vinda em qualquer profissão, pois sem os veteranos, não existiriam os novos profissionais. No entanto, para os caminhoneiros, não há diferença salarial.

Como o mercado busca sempre motoristas experientes, em época de falta de caminhoneiros, como agora, quem tem anos de estrada pode negociar salários e benefícios melhores. Também vão ficar com as melhores vagas. 

Para o autônomo, mais anos de mercado trazem mais contatos, mais conhecimento das estradas e mais experiência para julgar se determinado frete ou rotas são vantajosos. 

Qual o horário de trabalho de um caminhoneiro?

O horário de trabalho de um caminhoneiro pode variar bastante. No geral, o caminhoneiro segue o horário de recebimento dos clientes, que costuma ser das 07h às 17h, alguns funcionando aos finais de semana e feriados. Então, o motorista se programa para que o tempo de viagem se encaixe no horário de recebimento. 

Carga Horária

Como o caminhão fatura por carga, mesmo para aqueles com salário fixo, a corrida pelo horário é grande. Isso se tornou um problema, levando muitos motoristas ao uso de drogas para aumentar a energia do corpo e muitos dirigindo com sono. Para regularizar esta situação foi criada a Lei dos Caminhoneiros, popularmente conhecida como “Lei do Descanso”.

Descanso Legal 

A lei determina que, em 24 horas de trabalho, o motorista deve descansar por 11 horas consecutivas. Nas viagens de longa distância, com duração superior a 7 (sete) dias, o repouso semanal será de 24 (vinte e quatro) horas por semana ou fração trabalhada, sem prejuízo do intervalo de repouso diário de 11 (onze) horas.

Sendo assim, o motorista tem 35 (trinta e cinco) horas de descanso semanal. Antigamente, ele podia acumular folgas semanais para usá-las na volta para casa. Agora essa prática já não é permitida, então o motorista precisa parar as 35 horas onde estiver. 

Essa lei veio para determinar o tempo de direção e evitar o excesso de trabalho. A lei é aplicada tanto para motoristas autônomos, como para CLT. A mesma lei ainda determina que o motorista não dirija por mais 5h30 sem parar. Após esse período, ele deve fazer um descanso obrigatório de 30 minutos.

Quais os direitos trabalhistas do motorista de caminhão?

O caminhoneiro CLT tem todos os direitos trabalhistas previstos na Lei 5.452/1943, como férias, 13º salário e FGTS. Agora, especificamente do estradeiro, existe a lei 13.103/2015, que traz direitos voltados à profissão, são estes:

I – ter acesso gratuito a programas de formação e aperfeiçoamento profissional, preferencialmente mediante cursos técnicos e especializados previstos no inciso IV do art. 145 da Lei n.º 9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro, normatizados pelo Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, em cooperação com o poder público;

II – contar, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS, com atendimento profilático, terapêutico, reabilitador, especialmente em relação às enfermidades que mais os acometam;

III – receber proteção do Estado contra ações criminosas que lhes sejam dirigidas no exercício da profissão;

IV – contar com serviços especializados de medicina ocupacional, prestados por entes públicos ou privados à sua escolha;

V – se empregados:

  1. a) não responder perante o empregador por prejuízo patrimonial decorrente da ação de terceiro, ressalvado o dolo ou a desídia do motorista, nesses casos mediante comprovação, no cumprimento de suas funções;
  2. b) ter jornada de trabalho controlada e registrada de maneira fidedigna, mediante anotação em diário de bordo, papeleta ou ficha de trabalho externo, ou sistema e meios eletrônicos instalados nos veículos, a critério do empregador; e
  3. c) ter benefício de seguro de contratação obrigatória assegurado e custeado pelo empregador, destinado à cobertura de morte natural, morte por acidente, invalidez total ou parcial decorrente de acidente, traslado e auxílio para funeral referentes às suas atividades, no valor mínimo correspondente a 10 (dez) vezes o piso salarial de sua categoria ou valor superior fixado em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

Direitos como descanso, pagamento por hora parada e pausas após 5h30 de direção, como mencionado anteriormente, são conquistas particularmente significativas para a categoria. 

Quais são os benefícios de um caminhoneiro? 

O caminhoneiro com carteira assinada possui todos os benefícios previstos pela CLT, incluindo férias remuneradas e 13º salário, como sabemos. Porém, pela falta de motoristas, as empresas podem oferecer um “a mais” para atrair profissionais. São esses: Vale Refeição e/ou Vale Alimentação, bonificação por boa direção (sem multas / acidentes) ou boa conservação do veículo, metas alcançadas (viagens), média do veículo (economia de combustível); e por aí vai. Todas essas práticas são usadas para reter o funcionário na empresa.

Para o autônomo/agregado que tem  EAR (Exerce atividade remunerada) na habilitação, existe o limite de 40 pontos, independentemente do número de infrações gravíssimas. Essa característica é diferente de quem não tem EAR, já que duas infrações gravíssimas na CNH de quem não é profissional fazem com que o limite da carta baixe para 20 pontos. Outra vantagem do EAR é a possibilidade de fazer a reciclagem a partir dos 30 pontos, para zerar a contagem e não perder a CNH. 

Qual o valor da aposentadoria de um caminhoneiro?

A aposentadoria é comum, igual a de outros profissionais que são CLT ou contribuem individualmente. Para fins previdenciários, o caminhoneiro pode ser considerado autônomo, MEI (Micro Empreendedor Individual) Caminhoneiro ou empregado, dependendo da sua relação de trabalho. 

O valor da aposentadoria dependerá da contribuição, sendo que cada faixa salarial possui uma porcentagem. 

No MEI Caminhoneiro, a contribuição mensal mínima destinada à aposentadoria é de 12% do salário mínimo ao mês. Com base no salário mínimo atual, R$1.412,00, a contribuição será de R$169,44. 

Aposentadoria Especial

A diferença da aposentadoria especial é a possibilidade de já se aposentar com 25 anos de contribuição. Na aposentadoria comum, o trabalhador precisa contribuir por, pelo menos, 30 anos se for mulher e 35 se for homem. 

A profissão de caminhoneiro já teve aposentadoria especial. No entanto, a categoria perdeu esse direito em 1999. Hoje em dia ela é aplicada apenas para caminhoneiros que ficam expostos a ambientes insalubres ou perigosos. Ou seja, ela se encaixa aos profissionais de carga perigosa, combustíveis e produtos químicos. 

Porém, muitos profissionais recorrem a esse direito por estar expostos a outros elementos nocivos a saúde como: 

  • Ruídos (barulho do caminhão e trânsito), 
  • Vibrações do veículo que podem causar problemas de circulação e nos ossos;
  • Agentes biológicos: caminhoneiros de carga viva expostos a vírus ou doenças, como a brucelose;
  • Agentes ergonômicos: a posição de dirigir pode causar doenças na coluna vertebral; e os movimentos repetitivos podem causar tendinite. 

Muitos caminhoneiros profissionais, que sofreram danos em seus anos de estrada e não tiveram insalubridade em seu registro, já moveram ações para provar esses prejuízos sofridos.  

Como é ser um caminhoneiro?

Conversamos com alguns motoristas para responder essa questão e o que existe em comum na fala de quase todos é que ser caminhoneiro é mais uma paixão. Os estradeiros reclamam de serem pouco valorizados, terem salários baixos e dizem ainda que falta incentivo e infraestrutura por parte das autoridades. Mas existem as vantagens da profissão que só quem está na estrada pode contar.

Autônomo ou empregado, eles são apaixonados pela profissão

Para Beto Labareda, caminhoneiro há mais de 24 anos e residente do Paraná, a profissão é para quem ama. Ele conta, inclusive, um conselho que deu para alguém que estava iniciando no trecho. 

“Teve um menino que eu ajudei a lançar ele na estrada. Ele perguntou pra mim sobre ser caminhoneiro, eu falei:

‘Guri, se você for viajar pelo salário ou pelo caminhão, nem vá, nem comece. Se você gosta da profissão, se você tem amor pelo que você faz, se abrace que você vai longe, mas se você for por salário ou outra coisa, você desiste no primeiro ano’”.

Henrique Richard, caminhoneiro há 3 anos, é natural de São Paulo e diz que a profissão é muito mal vista, mas quando se trata de um sonho, tem que aguentar algumas adversidades. 

“A respeito de ser motorista aqui no Brasil, na maioria do tempo é muito ruim. A profissão não é respeitada, não é valorizada e têm muitos preconceitos. Você é taxado de drogado, louco, alucinado. Só que quando a gente faz aquilo que a gente ama, que é um sonho desde criança, a gente acaba se sujeitando a muitas coisas”. 

Arthur Lopes, um caminhoneiro mais jovem, com quase 2 anos de profissão, mora em São Paulo e escolheu a profissão por gostar e sentir que também serve ao seu país. 

“Podemos falar muitas coisas ruins, mas ser caminhoneiro é gratificante, é patriotismo puro, é uma liberdade sem igual. Encontramos na estrada muitos companheiros de muitos lugares do Brasil e até fora. Particularmente, essa troca de culturas de todo o Brasil e com os estrangeiros é muito legal, aprendemos muito”. 

Gostei, como faço para entrar na profissão?

Se você se interessou pela remuneração e pelos depoimentos de caminhoneiros deste artigo, preparamos um conteúdo completo de como começar na profissão.

Então, clique aqui e veja como ser caminhoneiro

Conclusão

Como vimos neste artigo, os salários e ganhos de cada regime de trabalho podem variar muito de acordo com tipos de cargas, regiões e tipo de caminhão. Dessa forma, o melhor é fazer uma análise da sua realidade, possibilidades e vontade para escolher qual caminho seguir. 

Às vezes o autônomo ganha bem, mas ser um profissional registrado, que pode folgar aos finais de semana e ganhar vale alimentação, compensa mais. Ou, é possível que trabalhar por conta seja mais o seu perfil. 

Sendo assim, é preciso realmente tirar um tempo para pensar, colocar no papel os prós e contras de cada modalidade e só aí escolher uma. Boa sorte!

Por Thaís Corrêa

Filha de caminhoneiro, recém-formada em jornalismo, resolveu usar a comunicação para manter a classe bem informada e, com isso, formar novas gerações de motoristas profissionais cada vez melhores para o futuro do país.

1 COMENTÁRIO

  1. A matéria ficou muito clara sobre a profissão.
    E também esclarece muitas informações importantes para quem é profissional e para quem pensa em ser. mas como eu disse: ” se não for por amor a profissão nem tente”. BETO_LABAREDA.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Inscreva-se nos nossos informativos

Você pode gostar
posts relacionados