Michelin fecha fábrica no Brasil e pneus importados levam a culpa

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Se a batalha do dia-a-dia não é fácil, imagine só para o mundo da borracha natural. Pois é, a Michelin anunciou o fim da fábrica de pneus em Guarulhos (São Paulo).

A planta, que produz, principalmente, câmaras de ar para pneus de motos e bicicletas, pneus industriais e produtos semiacabados, vai ser descontinuada de forma gradual até o fim de 2025. 

Michelin fecha fábrica e pneus importados levam a culpa

Em nota, a Michelin explica que a decisão é resultado de uma supercapacidade de produção gerada a partir da entrada expressiva de produtos importados da Ásia, que chegam muitas vezes abaixo do custo de produção local, impactando fortemente o segmento.

A Michelin segue atuando com as operações no Amazonas, na Bahia, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo.

No segmento de pesados, os importados também estão pagando o pato e o consumidor também está na responsabilidade de decidir. 

Pneus importados ou nacionais?

Porém, o preço nunca foi a melhor opção. É necessário ver a necessidade ideal e a aplicação do caminhão. 

Ou seja, os pneus representam um dos maiores custos do caminhão, mas como a demanda nunca acaba e a oferta só aumenta, é preciso ficar de olho nos preços.

Ewerton Pascoal, transportador que atua em Barueri (SP), acredita que os modelos nacionais têm melhor qualidade e durabilidade.

Com que roupa eu vou?

Já o caminhoneiro Francisco Nicolau, também da mesma região de São Paulo, diz que já usou importados em épocas difíceis, principalmente por conta do valor mais baixo, e a utilização ficou próxima.

“É mais ou menos igual quando se vai à loja comprar uma roupa. Dependendo da utilização e situação financeira você o compra um modelo de determinada qualidade”. 

Pneus voltados ao segmento fora de estrada

Na borracharia tem mais pneu importado ou nacional?

Na borracharia, especializada em pesados, foi possível notar a supremacia dos importados. “Hoje, 80% dos pneus que montamos são importados. E olha, falando em termos de recapear o pneu, a gente sempre frisa a questão de a carcaça suportar”, Walison Silva, dono da COMPneus.

“Hoje, com um pneu novo você consegue rodar no direcional no mínimo 140 mil quilômetros a 150 mil. Se você pegar um importado, dificilmente ele vai rodar esses quilômetros”, conclui.

Importados estão dominando o mercado

Hoje, muitas revendas multimarcas vendem pneus importados, negócio até certo ponto vantajoso. Porém, há quem não goste.

A ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos), que representa fabricantes nacionais, vem pedindo uma elevação da Tarifa Externa Comum (TEC), de 16% para 35% para os pneus importados.

Para eles, a elevação da alíquota traria mais equilíbrio ao mercado e colocaria a importação de pneus em linha com os padrões internacionais.

Já, do lado dos importadores, a luta é para que os impostos não sejam aumentados, uma vez, que já se paga cerca de 55% a mais para trazer um pneu de outro país.

O que diz a associação que representa os importadores?

Para Anderson Heiderscheidt, conselheiro da ABIDIP (Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus), os pneus importados são mais competitivos para o transportador, pois ele tem preço mais atrativo do que da própria indústria nacional.

Ele também acrescenta que a qualidade do pneu importado atualmente está excelente. “Hoje, eu posso falar sem medo de errar, que temos exemplos de transportadoras que  migraram para o pneu importado e que não se arrependeram, pois o importado vem se mostrando um produto que atende às necessidades da estrada brasileira”, finaliza.

Importados estão dominando o mercado
Importados estão dominando o mercado de pneus pesados

Outro especialista, ex-executivo da indústria de pneus nacional, Guilherme Junqueira Franco, é categórico:

“Os importados têm selo do Inmetro. Então, o que acontece? O pneu que vem importado, ele já foi, a fábrica já foi homologado. Ele não dura por igual em todas as companhias, em todas as situações, em todos os serviços. Logo, para quem tem grandes frotas, acho que ele tem que fazer o estudo, comprar lotes e outro de custo por quilômetro rodado. Afinal, o que manda no pneu e quanto ele custou por quilômetro rodado”.

Jornalista do Pé na Estrada, Rodrigo Samy

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.

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