O transporte sustentável está em alta, assim como a pressão por veículos zero emissão de poluentes. Cada vez mais montadoras estão tentando acompanhar essa demanda de mercado. Contudo, apesar dos avanços no transporte sustentável, a cadeia dos veículos pesados ainda enfrenta desafios.
No que se refere aos veículos de passeio ou recreação, a transição para carros 100% elétricos já tem data marcada para algumas fabricantes. A Audi pretende lançar seu último modelo movido totalmente a combustão em 2025, em 2026 apresentar somente elétricos. Uma evolução que tem como meta final a suspensão por completo da produção de veículos à combustão em 2033 no Brasil.
A Volvo, por sua vez, pretende chegar a esse objetivo em 2030 no Brasil e no mundo. Este ano a marca tem como meta que as vendas de elétricos respondam por cerca de 45% do total. Essas projeções foram anunciadas durante o Festival Interlagos 2022, que ocorreu entre os dias 6 e 9 de julho, onde as montadoras aproveitaram para lançar seus carros 100% elétricos, o RS e-tron GT A3, A4 e A5 (Audi); XC 40 e C 40 (Volvo).
Cadeia de caminhões
O progresso na indústria de carros leves ajuda a impulsionar a cadeia sustentável como um todo, mas para os veículos pesados, a situação é mais complexa, aponta Luciano Cafure, diretor de marketing da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Para ele, um dos caminhos do transporte de carga é a eletrificação, contudo, é necessário o desenvolvimento de baterias mais resistentes, de maior duração, recargas mais rápidas e menor peso.
O desafio das montadoras é equilibrar essa equação. Ele que cita o e-Delivery, com PBT (Peso Bruto Total) de 10.7 à 14.4 toneladas, tem bateria que pesando 700 quilos. Então, quanto pesaria uma bateria para um veículo de grande porte?
O veículo da Volks já vendeu 300 unidades, mas cada comercialização de um elétrico é única e precisa ser planejada com o cliente, esclarece Cafure, a fim de proporcionar a infraestrutura necessária para que o veículo cumpra sua função.
Esse cuidado mostra que embora exista a tecnologia para desenvolvimento sustentável dos pesados, outros aspectos precisam estar alinhados para tornar essa cadeia viável. Cafure destaca ainda que pequenas mudanças na logística, que não alteram a operação com um veículo a diesel, fazem toda diferença em um elétrico.
“Você planeja uma roteirização e quando coloca no operador ele faz coisas diferentes. Isso muda completamente o balanceamento energético da conta que você fez, mas é a aplicação real do cliente”, exemplifica Cafure.
Ele exemplifica com um caso de um cliente com um baú refrigerado. A operação é calculada pensando no tempo rodado e que, ao chegar em um cliente, a porta do baú ficará aberta por x minutos. Se, na vida real, a porta ficar aberta, por exemplo, enquanto ele apresenta a nota, isso não muda a operação no diesel, mas muda totalmente a demanda de energia de uma operação elétrica, tirando autonomia do veículo.
Entrega 100% sustentável
A Audi fará uma entrega 100% sustentável do seu lançamento Audi RS e-tron G. Para isso, fez uma parceria com a Vokswagen Caminhões e Ônibus, que fará o translado do veículo da concessionária até a casa do cliente por meio de um VW e-Delivery. A parceria piloto pretende atender 10 compradores do Audi no estado de São Paulo e, posteriormente, expandir esse formato de entrega.
“Estamos tranquilos com essa ação com Audi“, declara Luciano Cafure, diretor, que explica que o e-Delivery cobre um raio de 250 quilômetros, o que possibilita a entrega dos carros elétricos aos compradores.
Por Jacqueline Maria da Silva