quinta-feira, novembro 21, 2024

Tipos de caminhão: saiba quais são, capacidades e tamanhos

CuriosidadesTipos de caminhão: saiba quais são, capacidades e tamanhos

Antigamente, todo caminhão era igual. Os tamanhos, capacidades e tipos de caminhão variam pouquíssimo. Só que o mercado de transporte foi crescendo e se desenvolvendo. Caminhões, tanto maiores quanto menores, foram surgindo e, hoje, há uma infinidade para atender às diferentes cargas, rotas e necessidades. 

Vamos trazer os principais grupos e como classificar esses caminhões por uso, tamanho e tipo de CNH exigida. Então vem com a gente.

Quais são os tipos de caminhão?

Se antes todo caminhão era praticamente igual, hoje existe um caminhão para cada aplicação. Ou seja, hoje existe um tipo de caminhão para entregas urbanas e outro, totalmente diferente, para levar combustível de um estado para o outro. Esses diversos tipos de caminhão podem confundir alguns, mas aqui a gente te explica tudo.

Comercial leve

Comercial leve

Comercial leve é o veículo usado de forma comercial, ou seja, para transporte remunerado de pessoas ou passageiros, mas com pequenas dimensões. Esse veículo não pode pesar, considerando veículo + carga, mais de 3.500 quilos e nem ter mais que 8 passageiros, sem contar o motorista. 

Esse tipo de veículo tem crescido muito com a chegada do e-commerce, ou seja, do comércio online, pois é usado para distribuir produtos pequenos e geralmente percorre distâncias curtas.

O diferencial desse tipo de veículo é que o motorista pode dirigir com CNH B. Não precisa de uma CNH profissional, como C, D ou E. Ainda assim, precisa da sigla EAR no campo de observações. Caso você não conheça a sigla EAR, clique aqui para entender, afinal, dirigir comercial leve sem ela pode resultar em infração gravíssima e R$293,47 de multa. 

Outra característica é que esse veículo não precisa obedecer às restrições de circulação impostas aos caminhões, pois ele não é considerado um tipo de caminhão.

VUC 

Por conta do crescimento do tráfego nas grandes cidades, elas têm restringido a circulação de caminhões nas vias mais movimentadas ou em vias menores que não têm porte para esse tipo de veículo. Ainda assim, o abastecimento precisa acontecer e apenas comerciais leves não dão conta de fazer todo o trabalho. 

Por isso, criou-se a figura do VUC, Veículo Urbano de Carga. O VUC pode ter Peso Bruto Total (PBT) maior que 3.500 quilos, mas o que o define mesmo são as dimensões. Essas dimensões variam de município para município. Algumas cidades consideram veículos até 6,30 metros e outras até 7,20 metros como VUCs. Além disso, geralmente a largura máxima para esse tipo de veículo é de 2,20 metros. 

Esses veículos ainda podem enfrentar algumas restrições, mas são liberados em muito mais lugares que um caminhão comum.

Três quartos – 3/4

caminhão Três quartos - 3/4

O veículo 3/4  se mistura muito ao VUC, entretanto, o 3/4 tem rodado duplo atrás (ou seja, dois pneus combinados de cada lado). Ele tem capacidade maior de carga, só que têm mais restrições para circular em grandes cidades.

Se nos comerciais leves os veículos tinham até 3.500 quilos no máximo, aqui PBT vai até 10 toneladas. Vale ressaltar que, para dirigir qualquer veículo com mais de 3.500 quilos, o profissional precisa de CNH C ou mais.

Você consegue identificar um caminhão 3/4 visualmente pelo tamanho do pneu, que é bem menor que os de caminhões Toco em diante.

Toco

caminhão toco

Antigamente quase todo caminhão era toco, esse foi o modelo mais comum quando a indústria de caminhões começou no Brasil. Esse caminhão se caracteriza por ter 2 eixos, um com rodado simples na frente e outro com rodado duplo atrás. Como padrão geral, o eixo da frente suporta até 6 toneladas e o de trás, 10. Então, esse é um caminhão para 16 toneladas de PBT. Geralmente, leva em torno de 9 toneladas de carga.

Para dirigir esse tipo de veículo, o caminhoneiro precisa, no mínimo, de CNH C. Como é um veículo não articulado (mais a frente mostraremos os articulados), ele não pode ter mais que 14 metros de comprimento.

Truck ou Trucado

Truck ou Trucado

Uma das perguntas mais comuns de quem está começando no meio é exatamente a diferença entre um caminhão toco e truck. Enquanto o toco tem dois eixos, o trucado tem três, sendo um na frente e dois atrás. O eixo dianteiro com as mesmas seis toneladas de capacidade de carga do toco e os dois traseiros, combinados, com capacidade de carga de 17,5 toneladas. Ou seja, esse caminhão tem um PBT de 23 toneladas.

Esse PBT pode variar um pouco de modelo para modelo, principalmente quando o veículo é um 6×4. 

O que é um veículo 6×2 ou 6×4? 

O ponto de contato do veículo com o chão é o chamado rodado. Ele pode ser simples, formado por um único pneu, ou duplo, formado por um conjunto de dois pneus.

E para entender essa expressão, 6×2 ou 6×4, o primeiro número dessa definição é a quantidade de rodados. O segundo número é a quantidade de rodados com tração, ou seja, que recebem a força do motor. 

Um carro comum, por exemplo, é um veículo 4×2. São quatro rodados (nesse caso, rodados simples) tocando o chão e 2 deles (geralmente os dois da frente) recebendo a força do motor. Já aqueles veículos feitos para rodar em terrenos mais difíceis são os chamados 4×4, isso porque os 4 rodados recebem força do motor, ou seja, são tracionados.

Já em um caminhão trucado são 3 eixos e 6 rodados (1 rodado simples e 2 rodados duplos). Nesses casos, a tração pode ser apenas em um dos eixos, geralmente o do meio, o que configura um veículo 6×2, ou nos dois eixos traseiros, o que configura um veículo 6×4, também conhecido como traçado.

Um veículo traçado tem maior capacidade de carga que um simples e, geralmente, é usado em aplicações mais severas.

Por exemplo, a Mercedes-Benz tem disponível os veículos Atego 6×2 nas versões 2429 e 2433, ambos homologados para 24 toneladas. Já as versões 6×4 têm capacidade para 27 toneladas, são 2730.

E se você quiser entender o significado desses números, como 2429 e 2730, veja este vídeo:

Bitruck

Bitruck

O bitruck é um tipo mais novo de caminhão. Ele tem mais um eixo próximo ao eixo dianteiro (mas não colado). Essa configuração foi inventada para que o veículo carregasse ainda mais peso. 

Um eixo distante dos outros pode conferir até 10 toneladas a mais de capacidade de carga. Sendo assim, esses veículos podem ter até 33 toneladas de PBT.

Esses são os tipos de caminhão conhecidos como rígidos. Ou seja, são um único veículo, sem articulações. E, embora exista uma lenda urbana que diz outra coisa, todos eles podem ser dirigidos por quem tem CNH C, D ou E.

Romeu e Julieta

O conjunto conhecido como Romeu e Julieta consiste em um caminhão rígido na frente (romeu) é um implemento atrás (julieta). Cada um com sua placa. 

Cavalo mecânico

O cavalo mecânico tem o nome técnico de unidade tratora, ou seja, aquela que serve para tracionar e não para levar a carga em si. Sendo assim, o cavalo mecânico forma um conjunto com o ou os implementos(s). 

Por isso, enquanto nos veículos rígidos se fala muito no PBT (Peso Bruto Total), nos conjuntos de cavalos mecânicos + implemento se fala também em PBTC (Peso Bruto Total Combinado), ou seja, peso do cavalo + implementos.

O cavalo mecânico pode ser toco ou trucado, ou seja, ter dois ou três eixos. Ele também pode ser simples (6×2) ou traçado (6×4), considerando a quantidade desses eixos que são tracionados. 

A quantidade e formato dos implementos que vão acoplados ao cavalo mecânico dão origem a outros tipos de caminhão, que veremos a seguir. 

Para dirigir apenas o cavalo, CNH C ou D bastam. Entretanto, para todos os conjuntos apresentados daqui pra frente, o motorista precisará de CNH E. Vale lembrar que para qualquer CNH profissional o motorista precisa estar em dia com o exame toxicológico

Carreta

Carreta é o nome do conjunto de cavalo mecânico + um implemento. O tipo mais comum é conhecido por LS, que geralmente tem três eixos, mas pode ter apenas dois. Essa combinação é a mais numerosa nas estradas brasileiras. Considerando a carreta com três eixos, ela leva 41,5 toneladas com cavalo toco e 48,5 toneladas com cavalo trucado. 

Carreta Vanderleia

Carreta Vanderleia

Enquanto os três eixos da carreta tradicional ficam juntos e têm capacidade de carga de 25,5t, os eixos da vanderleia são espaçados, por isso levam 10 toneladas cada. Sendo assim, a carreta vanderleia tem um PBTC de 53 toneladas no trucado.

Essa maior capacidade de carga fez a vanderleia ganhar muito mercado. Entretanto, desde 2022, esse modelo praticamente deixou de ser fabricado. Isso porque um novo tipo de caminhão tornou a vanderleia obsoleta. Esse novo tipo é a carreta 4 eixos, que veremos a seguir.

Carreta 4 eixos

Essa carreta já era usada há algum tempo, mas era considerada ilegal. Porém, em 2021, saiu a resolução 882 do Contran que homologou esse modelo. Então, a partir de janeiro de 2022, essa carreta foi liberada e tomou totalmente o espaço da vanderleia.

E por que ela tomou espaço da vanderleia? Por conta da sua capacidade de carga. Os três eixos traseiros levam 25,5 toneladas e o 4º eixo é separado dos demais, somando mais 10 toneladas de capacidade de carga. Vale ressaltar que esse veículo precisa ser trucado. Sendo assim, o PBTC desse tipo de caminhão é de 58,5 toneladas. 

Essa diferença foi o que fez com que a carreta 4 eixos virasse a nova sensação do mercado. Pois ela não substituiu apenas a vanderleia, ela também levou grande parte do mercado dos bitrens, tipo de caminhão que veremos a seguir.

Bitrem

Aqui começam as composições com mais de uma articulação. O bitrem, como o próprio nome leva a entender, tem dois (bi) implementos. Esse tipo de veículo é muito usado para transporte do agronegócio. Isso porque, até então, era um veículo com grande capacidade de carga e isso é algo muito valorizado nesse tipo de transporte. 

O bitrem é um tipo de caminhão com sete eixos, sendo três do cavalo mecânico, o dianteiro e os dois traseiros, dois do primeiro implemento e dois do segundo. Cada uma dessas combinações de dois eixos leva 17 toneladas. Então temos 6 + 17 +17 +17 = 57 toneladas. Menos que a carreta 4 eixos. Por isso ele perdeu tanto mercado para ela. 

Vale destacar que bitrens precisam de AET, Autorização Especial de Trânsito, para circular. Para entender mais sobre AET, leia esta matéria

Outra característica do bitrem é que os implementos só têm eixos na parte traseira. Na parte dianteira, eles se acoplam à unidade da frente por uma 5ª roda. Essa característica é importante para diferenciar esse tipo de caminhão do rodotrem, que veremos mais adiante.

Bitrenzão

O bitrenzão segue as mesmas características do bitrem, com a diferença de ter três eixos na traseira de cada implemento ao invés de dois. Esse tipo de caminhão leva até 74 toneladas e tem 9 eixos. Também precisa de AET.

Rodotrem

Rodotrem

O rodotrem também é largamente usado no mercado agro. Assim como o bitrem, esse veículo pode chegar a 30 metros de comprimento e precisa de AET. Seu PBTC também é de 74 toneladas e ele tem 9 eixos. Aliás, esse é um apelido desse veículo. “Qual tipo de caminhão você dirige? – Eu dirijo um 9 eixos.”

Se capacidade de carga e quantidade de eixos é igual, o que diferencia um rodotrem de um bitrenzão? O tipo de engate do implemento. Como explicamos acima, o bitrem só tem eixos na parte de trás do implemento e precisa se apoiar no implemento da frente. Já no rodotrem, o primeiro implemento segue essa lógica, mas o segundo, não.

O segundo implemento se liga ao primeiro por um cambão, um “braço” rígido de metal. Além disso, o segundo implemento tem dois eixos na frente e dois atrás, conseguindo “se manter sozinho” mesmo desacoplado do restante do conjunto.

Existem ainda outros tipos de caminhão, mas menos comuns ou que não são homologados para rodar em rodovias, apenas em áreas privadas, como dentro de fazendas. Um exemplo é o hexatrem, com seis implementos, mas que não pode, em hipótese alguma, pegar ou nem cruzar uma via aberta. 

Quais os tipos de caminhões utilizados para transporte no Brasil?

Todos esses citados e muitos outros são usados no Brasil. Como nosso país é grande e tem uma quantidade gigantes de diferentes cargas, novos tipos de caminhões estão sempre chegando para dar conta dessa demanda. Entretanto, alguns segmentos demandam mais um tipo de outro.

Por exemplo, na distribuição urbana os veículos menores se destacam. Já quem está no produto industrializado usa muito o cavalo mecânico toco com carreta LS. Esse mercado não precisa tanto de capacidade de carga e, com menos eixos, para menos pedágio. Já quem está no agro dá preferência para bitrem, rodotrem e, agora, carreta 4 eixos. 

Ou seja, tem espaço para todos os tipos de caminhão, basta achar a aplicação certa. E se você gostou deste conteúdo, mande para os amigos do trecho, da logística e todos que trabalham com transporte.

Conclusão 

Considerando todos os tipos de caminhão que vimos acima e sabendo que ainda existem muitos outros, dá pra ter uma ideia da complexidade do setor de transporte hoje em dia. Ou seja, não basta apenas dirigir, hoje é preciso entender e estudar o mercado para ter sucesso nele. E você conta com o Pé na Estrada nessa tocada.

Por Paula Toco

 

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