Todo ano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) disponibiliza informações sobre as infrações de 2024 ocorridas nas rodovias federais do Brasil.

Com isso, os resultados são sempre assustadores e com diagnósticos até que prontos, mas que nem sempre são aplicáveis a realidade.

Denominado de dados abertos, o documento mostra em planilhas e com dados institucionais da PRF as principais tendências das estradas.

Documento da PRF revela ranking das infrações de 2024

Ou seja, trata-se de uma base de informações pública que pode ser utilizada de várias formas.

Portanto, para acessar o documento, o usuário deve clicar no link disponibilizado pela PRF, no documento é possível ver os números por completo. 

Porém, o Pé na Estrada fez um recorte, destacando mais especificamente as situações envolvendo os caminhões. 

Sinistros de Trânsito envolvendo caminhões e motoristas

Em 2024, os Sinistros de Trânsito com caminhoneiros marcaram 6.724 feridos e 599 mortos. Já os Sinistros Envolvendo Caminhões e ocupantes chega perto de 20 mil feridos e de 2.885 mortes.

Olhando de forma porcentagem total do número de vítimas em todas as rodovias federais, é possível notar que 47% dos acidentes tem caminhões. Em 2024, 1.673.459 caminhões foram fiscalizados. 

Principais infrações cometidas por caminhões

A infração: “Conduzir veículo de transporte de passageiros ou carga em desacordo com as condições do art 67-C CTB” (referente ao tempo de direção e descanso para motoristas) foi registrada 78.639 vezes.

Vale lembrar que a ausência de Pontos de Paradas e a pressão por trabalho extra acabam forçando o motorista a dirigir por mais tempo. 

De qualquer forma, é importante frisar que não deve existir justificativa para o não cumprimento da lei. Pois é a vida do motorista em jogo.

Anuário da Polícia Rodoviária Federal 2024

Conforme os números do Anuário 2024 da Polícia Rodoviária Federal, foram registrados no ano passado 73.156 sinistros de trânsito nas rodovias federais.

Esses eventos resultaram em 84.526 pessoas feridas e 6.160 fatalidades. O número de fatalidades é superior ao do ano retrasado (5.627) e o de feridos também (78.463).

Entre os estados mais violentos, por ordem decrescente, estão: Minas Gerais, com 11.756 feridos e 794 mortes, Bahia (5.352 feridos e 619 óbitos) e Paraná (8.456 feridos e 607 mortes).

Houve um aumento substancial no total de infrações de trânsito registradas pela PRF nos últimos anos: 4.133.709 em 2022, 5.830.308 em 2023, e 9.483.949 em 2024.

Distribuição Geográfica e Rodovias de Alto Risco

O anuário apresenta dados de sinistros agrupados por Unidade Federativa (UF), permitindo uma análise regionalizada da incidência desses eventos.

Uma atenção particular é dedicada às rodovias federais que concentram as maiores frequências de sinistros, feridos e mortos.

Destacam-se as rodovias BR-101 e BR-116, consistentemente apontadas como problemáticas e críticas em termos de ocorrências.

Análise de Infrações de Trânsito e Fiscalização

O aumento massivo no número de infrações em 2024 (quase 63% de aumento em relação a 2023), conjugado com números decrescentes de fiscalização, sugere um aumento significativo na fiscalização automatizada.

Dado que o excesso de velocidade, uma infração frequentemente capturada por sistemas automatizados, representa aproximadamente 69% de todas as infrações (6,56 milhões de um total de 9,48 milhões), a hipótese da fiscalização eletrônica se fortalece.

Este cenário aponta para uma possível mudança estratégica em direção à fiscalização baseada em tecnologia para certas violações ou um ambiente onde os motoristas estão cada vez mais desrespeitando as regras.

A infração mais recorrente em 2024, por uma margem considerável, foi “Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%”, com 5.556.792 ocorrências.

Outras infrações são as listadas abaixo:

1. Ultrapassar pela contramão na linha contínua | 228.032 |

2. Conduzir o veículo não licenciado | 206.647 |

3. Veículo em mau estado de conservação | 142.790 |

4. Deixar de usar o cinto segurança | 142.374 |

5. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade | 131.982 |

6. Conduzir o veículo com sistema de iluminação e de sinalização alterados | 129.675 |

7. Conduzir o veículo em desacordo com o estabelecido pelo Contran | 123.648 |

8. Dirigir veículo sem possuir CNH/PPD/ACC | 115.990 |

9. Conduzir veículo de transporte de passageiros em desacordo CTB | 78.639 |

10. Transitar em velocidade superior à máxima em mais de 50% | 78.283 |

11. Deixar o passageiro de usar o cinto segurança | 73.893 |

12. Transitar com o veículo em acostamentos | 67.125 |

13. Veículo com sinalização ou lâmpadas queimadas | 61.582 |

14. Dirigir o veículo com qualquer uma das placas sem visibilidade| 56.995 |

15. Conduzir o veículo sem equipamento obrigatório (capacete) | 56.488 |

16. Em movimento, deixar de manter acesa luz baixa de dia em rodovias | 55.216 |

17. Conduzir o veículo com equipamento obrigatório ineficiente ou inoperante | 54.229

18. Recusar-se a submeter a teste de álcool ou substâncias psicoativas | 48.670 |

Categorias Específicas de Infração em 2024

1. Alcoolemia (Constatação) | 9.591 |
2. Alcoolemia (Recusa em submeter-se ao teste) | 48.670 |
3. Velocidade (Total das categorias de excesso) | 6.561.685 |
4. Cinto de Segurança (Total condutor e passageiro) | 216.267 |
5. Capacete | 50.952 |
6. Ultrapassagem (em local proibido) | 301.513 |

Conclusão dos números da PRF

Há um agravamento dos Indicadores de Segurança Viária: A principal constatação dos dados de 2024 é o preocupante aumento no número de sinistros de trânsito, feridos e fatalidades em comparação com os anos anteriores recentes.

Este cenário sinaliza uma necessidade premente de reavaliar e intensificar as estratégias de segurança viária.

A epidemia de excesso de velocidade e o comportamentos de risco estão em números esmagadores. 

Eles se defrontam com as falhas de reação do condutor como principais causas presumíveis de sinistros, apontando para uma cultura generalizada de condução arriscada.

Existe também um paradoxo da fiscalização. Ou seja, há mais infrações e menos fiscalização direta.

Isso sugere uma maior dependência da fiscalização automatizada para algumas violações, mas levanta questões sobre o efeito dissuasor em comportamentos menos suscetíveis à detecção automatizada e a capacidade de intervenção direta em situações de risco iminente.

Rodrigo Samy

Jornalista especializado em veículos e apaixonado por motores desde criança. Começou a carreira em 2000, como repórter, nas revistas Carro e Motociclismo. Atuou por mais de 10 anos em assessorias de imprensa ligadas ao mundo motor. Foi editor do Portal WebMotors e repórter do Estado de S.Paulo. Hoje, trabalha como repórter e editor no Portal Pé na Estrada.