sexta-feira, novembro 22, 2024

No junho verde, transportadoras revelam os benefícios de adotar veículos sustentáveis em suas frotas

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No dia 7, o Senado aprovou o Projeto de Lei 10.70/ 21 que institui o Junho Verde, campanha de conscientização ambiental. A norma passa a fazer parte da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795, de 1999). Dentre as iniciativas da campanha está o debate sobre a emissão de carbono. No transporte, essa discussão também está aquecida e uma das mudanças observadas é que muitas transportadoras passaram a adotar veículos sustentáveis em suas frotas.

Mas fica a pergunta, quais as vantagens para as empresas em fazer essa substituição dos caminhões movidos a diesel? O Pé Na Estrada conversou com representantes de transportadoras que passaram a usar veículos elétricos, a gás natural veicular (GNV), biodiesel e até energia solar, que revelaram os benefícios dessa transição.

No junho verde, transportadoras revelam os benefícios de adotar veículos sustentáveis em suas frotas
Cilindros de GNV e biometano que compõe o veículo sustentável

Os benefícios dos veículos sustentáveis 

Ganho de mercado

Para os representantes das transportadoras Braspress, Jomed Log e Ativa Logística a preocupação com meio ambiente é uma tendência mundial. Os clientes tem cada vez mais exigido essa transição para processos mais sustentáveis e a empresa que não se alinhar, pode sair perdendo na hora da contratação das cargas.

Isso porque a sustentabilidade também agrega valor à marca que contrata o transporte de carga com zero emissão. “As empresas que não tiverem iniciativas sustentáveis dificilmente vão conseguir ter um diferencial competitivo ou se destacar”, complementa Alex Nunes, gerente de inovação da Ativa Logística.

“A sustentabilidade foi um bom negócio para a Jomed, trouxe bons resultados e novas oportunidades de negócios para a empresa”, afirma satisfeito Eduardo Garrido, diretor comercial. Com uma frota de 9 veículos a GNV e biodiesel, esperam um retorno no investimento total em 5 ou 6 anos, trabalhando com uma operação dedicada, ou seja, contínua e com contratos mais longos, com preços diferenciados e clientes específicos. 

No junho verde, transportadoras revelam os benefícios de adotar veículos sustentáveis em suas frotas
Com nove veículos movido a GNV e biometano, a empresa economiza 20% em diesel por mês

Impacto econômico para as transportadoras

Mesmo custando 50% mais caros que um veículo a diesel, quem já adotou os veículos sustentáveis na frota tem percebido vantagens na hora de fazer as contas.  É o caso da transportadora Braspress, que vislumbra um retorno do investimento nos 30 veículos elétricos que compõem sua frota em dois anos “A gente tá falando de um veículo que tem custo 30% menor por quilômetro rodado”, declara Rafael Silvestre, gerente de frotas da empresa.

As vantagens do elétrico ainda incluem: isenção do rodizio, que diminui a preocupação com escala da frota; e ganhos em relação a manutenção do veículo “Não faz barulho comparado ao de combustão, isso permite que o motorista consiga identificar alguns ruídos e passe para a equipe de manutenção”, complementa Rafael.

Na frota de veículos a GNV e biometano, a economia em custo de diesel chega a 20%, revela Carlos Ferreira, , coordenador de sustentabilidade e qualidade da Jomed. Uma redução significativa que levou a empresa a planejar o aumento da frota para os próximos anos “Já assinamos com a montadora a aquisição de novos veículos para compor a nossa frota”, acrescenta Eduardo.

Para a Ativa Logística houve diminuição em 50% nos eventos de ociosidade. Ociosidade é quando o caminhão fica ligado só para manter o funcionamento de algum equipamento. No caso da empresa que trabalha com medicamentos, o motor do caminhão precisaria ficar ligado para manter a refrigeração no baú durante o carregamento e descarregamento. 

No junho verde, transportadoras revelam os benefícios de adotar veículos sustentáveis em suas frotas
Placas fotovoltaicas ficam na parte de cima do baú refrigerado e alimentam a bateria do veículo

Contudo, a empresa implantou placas fotovoltaicas em 20 veículos dos 47. A energia solar captada alimenta a bateria do caminhão e mantém o funcionamento do freezer e outros equipamentos, mesmo com o motor do carro desligado. Isso gerou uma economia de diesel, que chega a quase 4 litros por dia, por veículo. “Com o diesel a cerca de R$ 7, a gente tem economias aí de quase R$ 500 por mês em cada veículo”, comemora Alex. 

Outro ganho, segundo Alex é em termos de vida útil da bateria do veículo, teste das fabricantes apontaram um aumento de 40% na vida útil da bateria do veículo causado pela diminuição no acionamento do motor.

O meio ambiente agradece 

A Jomed reduziu em quase 33% a emissão de CO2. “Hoje, com os nove veículos rodando por mês, são 36 mil litros de óleo diesel que nós neutralizamos. Nós estamos deixando de jogar esse gás para atmosfera e automaticamente impactando aí a camada de ozônio”, explica Carlos. 

A mesma diferença foi sentida pela Braspress, que está em teste com 30 veículos elétricos em sua frota. “O veículo a diesel joga na atmosfera cerca de 2 a 3 toneladas, com isso o veículo elétrico deixa de emitir de CO2 cerca de 2 a 3 toneladas por mês”, declara Rafael. 

No caso do caminhões da Ativa, que possuem placa fotovoltaica, a energia solar usada para alimentar os sistemas do veículo já reduziu cerca de 40 toneladas de CO2 na atmosfera durante os oito meses de uso do sistema. “A gente tá falando aí dá um total de quase 12,500 de litros de diesel que deixaram de ser utilizados”, exemplifica Alex. 

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Em oito meses de operação com os veículos sustentáveis, a Ativa Logística já reduziu cerca de 40 toneladas de CO2 na atmosfera.

O que pensam os motoristas dos veículos sustentáveis?

Maria Paula Soares, motorista da Braspress, conta orgulhosa a alegria estar à frete do volante de um dos veículo sustentáveis. “Me sinto feliz por estar dirigindo um veículo não poluente, é geração de saúde para a população”. Há quatro meses na direção de uma van elétrica, não foi difícil se adaptar, ainda mais que o veículo polui menos a atmosfera, não causa poluição sonora, e muitas vezes confunde até se está mesmo ligado, revela Maria. 

“Não faz barulho, a gente consegue descansar enquanto aguarda e é um conforto a mais”, explica Adeilson Brito, motorista do caminhão com placa fotovoltaica da Ativa Logística. Agora, ele e o colega de empresa, João Gonçalves, podem esperar as duas horas de carga ou descarga dos medicamentos transportados, sem o ruído do motor do caminhão que pode ficar desligado durante o procedimento. “Economizando diesel e contribuindo com meio ambiente”, conclui João.

No junho verde, transportadoras revelam os benefícios de adotar veículos sustentáveis em suas frotas
A Braspress faz teste com 30 veículos elétricos

Desvantagens 

Embora a substituição de frota tenha trazido vantagens às transportadoras, a infraestrutura anda é um empecilho para avançar em uma transição total. Além disso, os veículos sustentáveis têm um custo de aquisição muito maior do que o convencional, 60% a mais para o GNV e 50% para o elétrico. 

Nos casos dos veículos elétricos, a escassez de posto de recarga e o tempo de recarga são aspectos apontados por Rafael. Os veículos trabalham durante o dia e voltam para a garagem para recarregar durante a noite. “Anda em torno de 200 a 220 km dependendo do modelo, transferir [carga] de uma base para outra ainda não é uma realidade por conta da autonomia desse veículo”, completa.

De acordo com Carlos da Jomed, a roteirização dos veículos a GNV e biodiesel da frota precisa ser bem planejada para não correr o risco de uma pane seca. É preciso identificar os pontos de paradas autorizados, uma vez que não são todos os locais que estão adaptados para receber um veículo de grande porte. 

Além disso, o tempo de abastecimento é de cerca de 50 minutos, um tempo valioso para quem trabalha com transporte de carga. “As empresas estão investindo na questão do bico europeu que reduz o pit stop para vinte minutos de abastecimento”.

No caso dos veículos que possuem placas fotovoltaicas, o motor ainda é movido a diesel, logo, as emissões de gazes não são zeradas. Outro ponto, que não chega a ser uma desvantagem, é que para tornar efetivo o uso do sistema por placa, é necessária o capacitação e conscientização dos motoristas “O motorista tem esse hábito de dar partida com carro parado”.

Assista a matéria do Pé Na Estrada que mostra detalhes do transporte sustentável

Por Jacqueline Maria da Silva

 

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